Toca o telefone. Uma velha amiga me convida para um programinha de mulher.
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– Oi! Você vai comigo até o shopping? Preciso comprar um vestido, vou ser madrinha no casamento da minha prima, no mês que vem, e ainda não tenho nem ideia da roupa que vou usar.
Não sou muito chegada em fazer peregrinações por lojas. Canso logo, prefiro já sair de casa sabendo o que vou comprar, mas resolvi ajudá-la, porque sei que não é fácil escolher sozinha um vestido para uma festa importante. Uma segunda opinião sempre ajuda.
– Ok, nos encontramos lá.
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Munida de toda a paciência do mundo, eu fui.
Primeira loja. Ela não gostou de nada. Segunda. Terceira. Na quarta loja achou um vestido todo dourado, justíssimo no corpo. Perguntou minha opinião. E eu dei. Não era pra isso que ela tinha pedido minha ajuda?
– Não gostei. Justo demais e dourado demais. Ficou vulgar.
Ela não gostou do que eu disse, mas não levou o vestido. Ainda bem.
Noutra loja, experimentou um modelo preto tão decotado que quase dava para ver o umbigo dela. E era transparente demais. “Coisa de periguete”, eu disse.
Depois, pegou um vermelho tipo “cheguei”. Eu só olhei de cara feia.
– Quem sabe um roxo com cauda?
– Credo!
Eu só dizia não…não…não.
Minha amiga foi ficando braba, porque eu falava a verdade. Acho muito estranho isso.
As pessoas te pedem para ser honesta, porque “crítica construtiva ajuda a melhorar” e blá-blá-blá. Mas na hora em que você resolve dizer a verdade, com a melhor das intenções, elas ficam brabas pela tua sinceridade.
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Sentamos para um café e um descanso. Ela quase não falava comigo, fico um clima meio tenso no ar. Resolvi quebrar o gelo.
– Amiga, acho melhor você fazer compras sozinha, porque nossos gostos são diferentes. Não vamos concordar nunca, e isto não significa que uma de nós está errada. Cada pessoa é como é. Quer usar um vestido extravagante? Use. Um enfeite gigantesco na cabeça? Use também. Não importa o que eu acho, ou o que as outras pessoas pensam. Se você se achar linda, é o quer basta.
Ela sorriu, aliviada com a minha decisão de deixá-la sozinha, para comprar o que tivesse vontade. Nos despedimos com um abraço.
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Soube depois que ela comprou o vestido roxo de cauda. E que foi a sensação do casamento. Apareceu mais do que a noiva. Mas estava feliz, e no fundo é só isso o que importa.