Simpáticos e brincalhões, eles deixam o agito dar lugar à concentração quando é hora de trabalho. É com ajuda dos focinhos de Google e Ice, dois cães labradores, que são feitos os trabalhos de busca e resgate do 7º Batalhão de Bombeiros Militar de Itajaí.
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Treinados e certificados internacionalmente, os dois já participaram de ações como buscas de pessoas desaparecidas e de cadáveres em todo o Estado – tarefas em que os cães, com um faro 40 vezes mais apurado do que o dos humanos, são especialistas.
Este domingo é Dia Mundial do Cão de Resgate e, em Itajaí, a data foi comorada na sexta-feira com o que Google e Ice mais gostam de fazer: trabalho.
A dupla entrou em cena em um encontro de futuros soldados, em que os novatos aprenderam como funciona o trabalho com cães e como é a formação dos bombeiros de quatro patas. Orgulhosos, Google e Ice mostraram a potência do focinho e a alegria que têm ao cumprir a missão.
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– Para o cão, é uma brincadeira. Ele sabe que ao encontrar alguém será recompensado com carinho ou um brinquedo – diz o mentor de Google, soldado Sílvio Mendonça Lima Junior.
De família
Filhos de um casal de labradores que já atuava com os bombeiros, Google e Ice são parte de uma ninhada de seis cãezinhos que nasceram em Xanxerê, no Oeste, e foram distribuídos pelo Estado.
O treinamento dos dois começou aos 45 dias. Brincadeiras de esconde-esconde, seguidas por recompensas, são o primeiro passo. Depois o cão recebe especialização. Com o tempo, é capaz até mesmo de encontrar um cadáver submerso a uma profundidade de 10 metros. Vítimas de soterramentos e escondidas sob escombros são outras especialidades de cães como Google e Ice.
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A prioridade de busca é sempre pelas vítimas vivas. Ao contrário de cães de guarda e segurança, que buscam um cheiro específico – como o de uma roupa, por exemplo – os animais treinados para resgate não se atêm a apenas um odor. Isto é útil em casos em que há várias vítimas no mesmo local, vivas e mortas.
Os cães também aprendem a atuar em diferentes terrenos e a ficarem tranquilos em barcos e helicópteros – uma habilidade essencial para casos como o deslizamento do Morro do Baú, em Ilhota, em 2008, quando os cães dos bombeiros de SC encontram 21 corpos e duas pessoas com vida.
– O trabalho deles é muito bonito, porque leva esperança para quem está numa situação difícil, embaixo de escombros, por exemplo. No caso das vítimas mortas, eles dão a chance à família de dar um enterro digno a alguém querido que se foi – diz soldado Junior.
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Carinho e simpatia são essenciais
Quando não está trabalhando, o labrador Google tem vida de rei. Desde que chegou a Itajaí, quando ainda era um filhote, o cão vive com a família do soldado Sílvio Mendonça Lima Junior – e ocupa o posto de estrela da casa. Google rola no chão, deita no sofá da sala e pega, sem cerimônia, os brinquedos do pequeno João, filho caçula de Junior.
– A convivência dele com a família é importante porque ele tem que ser bem socializado, assim não vai assustar uma vítima em um resgate, por exemplo – explica o soldado.
Embora precise apresentar tendência ao aprendizado fácil e agitação para as brincadeiras, para ser treinado o cão tem que ser bastante manso – característica que Google tem de sobra. A convivência dele com a família, porém, nem sempre foi tão fácil: enquanto era pequeno, o labrador gostava de exercitar as mordidas nos sapatos de Elisandra, mulher de Junior, e nos móveis da casa.
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Hoje, adulto e mais tranquilo, Google diverte-se indo trabalhar ao lado do soldado – Junior na bicicleta e Google ao lado, na coleira, como um bom companheiro.
Habilidades de Google e Ice
– Busca na mata
– Busca em escombros
– Busca de cadáveres
– Vítimas de soterramentos
– Vítimas submersas
Do que os cães são capazes
– Olfato 40 vezes mais apurado que o do ser humano
– Em buscas, a atuação dos labradores corresponde a de 20 homens
– Nas provas de certificação, eles se mostram capazes de rastrear uma área de 850 m² e encontrar até cinco vítimas em cinco minutos