Já imaginou viajar o mundo com seu animal de estimação? Diego Araújo, 34 anos, teve essa ideia e resolveu colocá-la em prática. Ao lado do cachorro Gordo, o empreendedor deixou tudo para trás, montou um novo modelo de negócio e iniciou a jornada de aventuras em Florianópolis. Esse impulso teve origem em uma triste notícia: o bulldog inglês foi diagnosticado com uma doença renal crônica e viveria apenas mais um ano. Por isso, precisou colocar o plano em prática logo.
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Diego vivia em Navegantes, e era dono de uma barbearia, junto a uma loja de surfe e um estúdio de tatuagem. A vida “tradicional” deu uma sacodida após o diagnóstico do animal de estimação. Foi então que a tristeza inicial deu lugar para o sentimento de “viver intensamente”.
— Me falaram: ele vai viver até os dois anos, fiquei triste. Aí, comecei a curtir com ele, levava para tudo que é canto, 24 horas por dia juntos – conta Diego.
Com a pandemia, o tutor sentiu mais que nunca a tristeza pela possibilidade de o melhor amigo morrer. Eis que uma ideia surgiu: já que era barbeiro, poderia fazer uma barbearia móvel e viajar com o amigo:
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— Pedi a Deus um ano para eu conseguir organizar tudo e começar a viagem.
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E assim aconteceu. Ele passou cinco meses tentando encontrar uma van para montar toda estrutura e mais seis meses reformando completamente o veículo. O interior do local tem uma cama para os dois dormirem e um espaço organizado para funcionar a barbearia. Do lado de fora o slogan chama atenção: “Corto cabelo e barba para viajar o mundo”. A frase atrai muitos turistas e curiosos na Praia de Canasvieiras, no Norte da Ilha, em Florianópolis. O barbeiro conta que só no feriado de Carnaval ele lucrou mais que nos cinco anos em que teve a barbearia fixa.
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Com os negócios indo bem, o tutor teve a ideia de fazer com que o cachorro também vire empreendedor. O lema dele é: “vendo ração para viajar o mundo”. Gordo “vende” potes de ração por R$ 10 que são destinados aos cachorros de rua ou ONGs. O lucro serve para o tratamento dele com a doença renal, que segundo Diego, custa em torno de R$ 700 por mês. A ação já está em prática e é identificada com placas nos vidros da van, mas, por enquanto, ainda não consegue sustentar todos os gastos.
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Saiba mais sobre a doença crônica que atinge Gordo
Gordo descobriu com apenas um ano que tinha doença renal crônica. Esse diagnóstico pode acontecer em cães e gatos, e é mais comum quando os animais têm idade avançada. Porém, muitos fatores podem gerar esse quadro, como explica a médica veterinária especialista em nefrologia, Layla Queiroz:
— A doença renal crônica é quando o animal já perdeu uma quantidade grande de células renais, ou seja, elas já morreram e não voltarão a funcionar. É um quadro irreversível. Isso pode acontecer por vários motivos: envelhecimento, infecções, cálculos renais, e até má-formação congênita.
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Casos como o de Gordo, que era muito jovem quando descobriu o problema, acontecem principalmente pelo último motivo citado acima e estão relacionados com a raça. Layla afirma que as que tem mais predisposição de desenvolver a doença são spitz, shih-tzu e shar-pei. No entanto, mesmo o bulldog inglês não estando nesta lista, a raça foi o motivo para que Gordo tivesse a doença, segundo o médico veterinário que acompanha o paciente desde o início, Éberson Moreira.
Por ser uma patologia que não tem cura, é importante o diagnóstico precoce. A doença renal crônica pode ter vários graus, que são classificados em quatro estádios. Nos dois primeiros, o animal não tem sintoma nenhum e só é descoberto o problema no rim através de exames de sangue, urina e ultrassom. Já nos dois últimos, o animal sente alguns sintomas, mas por serem inespecíficos, também só é diagnosticado com os exames.
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Moreira relata que Gordo chegou para consultar com apatia e falta de apetite. Através de exames, ele concluiu que se tratava de doença renal crônica. Inicialmente, remédios controlados foram necessários, além de dieta adequada e vitaminas. Com o tempo, o caso dele estabilizou, e na última vez que o cão fez o check-up, em 2021, ele pôde retirar a medicação, e manter a suplementação e a ração especial.
Inicialmente, a expectativa era de que Gordo vivesse até os dois anos. Com o tratamento adequado e levando um bom estilo de vida, o cachorro supera a expectativa e completou quatro anos. A nefrologista veterinária Layla Queiroz diz que apesar de não ter cura, é possível que a doença estabilize e o cachorro não morra por isso.
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O que acontece é que se o animal descobre muito tarde a doença, já no último grau, é possível que viva só mais um ano. Por isso, Layla reitera a importância de fazer check-up anual nos animais de estimação de até 8 anos, e semestral quando ultrapassam essa idade.

Cachorro é o melhor amigo do homem?
O apego entre cães e humanos não é de agora, são mais de 15 mil anos de convivência, segundo o pesquisador Francisco Cabral, que é biólogo e estuda a relação de apego entre cachorros e tutores. Do ponto de vista psicológico, ele explica que os animais domésticos servem como grande apoio emocional para os humanos, tanto no dia a dia quanto em situações estressantes, como na pandemia.
— A gente estabelece uma relação de apego com os cães – explica Cabral.
Experimentos científicos já identificaram que humanos ficam mais calmos com a presença dos cachorros, bem como eles ficam mais seguros ao lado do tutor. Essa relação entre humano e cachorro pode se dar como uma amizade ou até mesmo vira parte da família. Segundo Cabral, a vontade de Diego de aproveitar cada segundo com o cão se deve ao vínculo construído.
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Mas nem sempre na história os animais tiveram a convivência tão próxima com os humanos.
— Se a gente conversar com avós e bisavós, geralmente eles vão dizer que cachorro ficava sempre no quintal e recebia restos de comida – recorda Cabral.
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Atualmente, existe todo um mercado pet em ascensão, com roupas, casas e petiscos. O especialista comenta que, inclusive, alguns humanos preferem ter animais ao invés de filhos, porque acham que dá menos trabalho e gastos. Porém, ele faz o alerta de que os bichinhos também precisam de atenção e têm necessidades sociais.
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Para o pesquisador não restam dúvidas: o cachorro é o melhor amigo do homem, sim. A própria evolução humana foi influenciada pelos cães. Estudos e sítios arqueológicos mostram que agrupamentos antigos com cães para auxiliar na caça tinham mais chance de sobrevivência. Bem como os cachorros desenvolveram a musculatura da testa para fazer a famosa cara de “pidão” e conseguir mais atenção:
— Nós somos mutuamente dependentes – conclui Cabral.

A viagem segue
A ideia inicial de Diego era viajar de Ushuaia, na Argentina, e ir até o Alasca, nos Estados Unidos, de van. Porém, como ele depende dos lucros dos cortes de cabelo, resolveu mudar o trajeto e partir para o litoral de São Paulo ou Rio de Janeiro, após Florianópolis.
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Ele explica que a decisão se deu após dicas de clientes e turistas que passaram por lá. Como no Sudeste o inverno não é frio como no Sul, o empreendedor acredita que conseguirá trabalhar e juntar mais dinheiro por lá. A ideia é que depois ele conheça mais países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Chile. Em seguida, o plano é ir para os EUA, em Chicago, onde mora um irmão de Diego.
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Como projeto futuro, o barbeiro também quer criar um site com o mesmo nome do Instagram do Gordo, “tudopelodog”. A ideia é fazer parceria com marcas para vender rações na web, mas com a diferença que comprando do Gordo, o dinheiro ajuda o cachorro a viajar o mundo.
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