Um vira-lata cor caramelo perambula pelo centrinho da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Leva a vida que qualquer cão desejaria pela eternidade: tem a liberdade de um cachorro de rua e o cuidado de vários amigos. É zarolho e foi batizado como Pirata da Lagoa da Conceição.

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Mesmo que ele tenha começado a própria história perdendo o olho direito, foi curado pela comunidade do bairro que escolheu para ficar. É ali também que recebe comida, água e, não menos importante, amor.

Um dos veterinários que o cuida de graça, Mauro Barzotto, 41 anos, calcula que o animal tenha oito anos. Moradores dizem que ele apareceu há cerca de sete anos pelo centrinho da Lagoa, sem o olho e com a ferida aberta. Naquela época, outro médico, que não moraria mais no bairro, fez a cirurgia e colocou uns pontos para cicatrizar.

Ele tem uma vida boêmia ao estilo canino. Come e bebe de graça o que sobra dos restaurantes.

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Fernanda Chalegre, 34 anos, trabalha nas redondezas e observa a rotina.

– Ele está gordo. Precisa de um regime – riu, enquanto lembrava a história do olho perdido.

Ele teria se envolvido em uma briga com um pitbull e perdido o olho. E foi assim, por sorte ou azar, que virou o Pirata da Lagoa da Conceição. Há anos, vive dormindo nas marquises, comendo, recebendo carinho fácil. É muito dócil, mas tem um defeito de personalidade: não gosta de bicicletas. Paola Ferrari, 19 anos, também já se acostumou com ele em frente a ótica que trabalha.

– Ele fica por ali, deitado. Vê uma bicicleta e dá uns latidos, mas não morde. Acho que algum ciclista deve ter batido nele – contou.

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A reportagem do DC visitou seis estabelecimentos no Centrinho da Lagoa, todos empenhados em protegê-lo. Em 2013, o cão passou por dois momentos difíceis: foi atropelado e mordido no pênis. Mas superou, afinal, foi bem tratado e continua viril.