Uma moradora de Balneário Camboriú criou uma confeitaria pet como uma forma de homenagear a cachorra que salvou a vida dela. Portadora de diabetes tipo 1, Luciene Kalef Martins estava quase entrando em coma quando Lauren, uma schnauzer, percebeu e chamou ajuda. Hoje, a mulher se dedica a fazer petiscos para cães e gatos com ingredientes capazes de auxiliar na saúde dos pets.
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A relação de companheirismo e amor entre Luciene e Lauren começou em 2007, quando a cachorra chegou à família. A cachorrinha cativante logo ganhou espaço na cama e acompanhava a tutora nas idas noturnas à cozinha, quando a dona precisava comer algo por causa das crises de hipoglicemia que aconteciam na maioria das vezes à noite. Até que um dia a schnauzer fez algo inacreditável.
— Teve uma noite em que eu não acordei. Ela viu que eu não levantava, achou estranho e chamou o meu marido, na época. E aí ele viu que eu estava ensopada de suor. Quando foi medir a minha glicose, viu que estava em 29 mg/dL. O normal seria 60 a 110, então eu já estava em pré-coma — relembra Lu.
Daquele dia em diante, a relação se tornou ainda mais forte. Quando a tutora se mudou para os Estados Unidos, Lauren foi junto. Lá no novo país ganhou até um certificado de cão de serviço, que permitia entrar com Luciene em qualquer estabelecimento. A tutora lembra que nesse período foi a um show e deixou a amiga de quatro patas em um hotel pet, dormiu sozinha e viveu um momento de pânico por causa do problema de saúde..
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— Eu quase morri porque baixou a minha glicose de madrugada e eu estava acostumada com ela. Passei mal e meu marido teve que chamar a ambulância porque, mais uma vez, eu estava em pré-coma — recorda.
A família voltou para SC e a schnauzer morreu em julho de 2021, aos 14 anos de idade. A tutora precisou aprender a viver sem os cuidados e companheirismo de Lauren. Lu ganhou outra cachorrinha e um dia decidiu fazer uma festa de aniversário para o animal. Era algo que nunca tinha feito para Lauren, porque o ex-marido achava besteira, mas ela se sentia culpada diante de tudo o que a cachorra fez por ela.
Ela pesquisou receitas de bolos saudáveis para pets e postou nas redes sociais a produção. Logo começaram a surgir pessoas interessadas em comprar ele viu ali uma forma de homenagear Lauren produzindo os petiscos com ingredientes que fazem bem para a saúde dos pets. Ela recorda, emocionada, um episódio que a marcou a partir dali:
— Teve um caso de um cachorro que estava com anemia e, ao comer meus biscoitos de fígado de boi, ele melhorou. Então pensa na minha satisfação quando a dona me contou que a veterinária tinha me parabenizado por isso. Através da minha mão e do carinho que tenho, eu posso aumentar, um pouco, a longevidade deles — comenta.
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Luciene diz com a voz embargada que encontrou a forma de homenagear Lauren e, de quebra, fazer o bem a outros animais.
— Eu tenho uma eterna gratidão porque ela salvou a minha vida várias vezes, sem treinamento nenhum. E, hoje, eu faço as coisas pela gratidão de tudo o que a Lauren fez por mim. Ela foi o grande amor da minha vida.
Mas é possível o cão identificar isso?
O médico Marcelo José Linhares explica que os cães têm uma capacidade olfativa que permite identificar pequenas modificações no cheiro do suor humano. Segundo o especialista, quando a pessoa tem um episódio de hipoglicemia, isso modifica a característica químicas do suor e os cachorros conseguem, às vezes, perceber essas alterações.
— Isso não acontece só com a hipoglicemia, acontece em todas situações que o paciente pode estar passando por uma doença grave, como, por exemplo, um infarto agudo do miocárdio — afirma.
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Linhares diz que algumas raças têm uma capacidade mais avançada para essa percepção. É o caso do border collie, mas nada impede que outros tenham a mesma sensibilidade. Lola não recebeu nenhum tipo de treinamento para desenvolver essa habilidade, mas o médico conta que nos Estados Unidos já existem centros especializados nesse trabalho.
— Eles conseguem treinar cães para identificar sinais de alerta, inclusive apertar o botão de pânico.
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