Um cacetinho, por favor. Gostaria de um pão de trigo. Me vê um pãozinho? Você provavelmente já falou alguma dessas frases na padaria – dependendo da região onde mora. O pão é um dos alimentos mais amados do brasileiro e ele tem apelidos carinhosos, nomes diferentes em alguns estados.
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Feito apenas com farinha de trigo, água, sal e fermento biológico (e, talvez, um toque de açúcar), esse pão é um dos mais amados no Brasil.
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Em Santa Catarina, o comum é pedir um pão de trigo. No Rio Grande do Sul, o nome é cacetinho. Mas, gaúchos, fiquem tranquilos: os catarinenses vão entender se você pedir um cacetinho na padaria!
Em São Paulo, a diferença do nome do pão também pode causar uma certa confusão. Na capital, os paulistanos o chamam de pão francês, mas ele também ganha o apelido carinhoso de “pãozinho”. Mas, ao descer a serra e chegar na Baixada Santista, o pão vira média – e acompanha muito bem o café com leite. No interior do estado, em Piracicaba e Ribeirão Preto, ele é chamado de filão.
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E ainda tem mais: em Minas Gerais, é chamado de pão de sal; em Sergipe, jacó; no Ceará, carioquinha; no Pará, careca; no Piauí e em Manaus, massa grossa. Ufa!

Mas convenhamos: não importa o nome, o fato é que o cacetinho, pão de trigo, pão francês é o mais amado do brasileiro. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), em 2019, os brasileiros consumiram por mês 704,7 toneladas de pão de trigo. Os números mostram que houve um crescimento de 7% em relação ao ano anterior.
É interessante notar, porém, que o consumo de pão de trigo em padarias tradicionais caiu. Isso mostra que, cada vez mais, o mercado de pão cresce e, consequentemente, a concorrência também. Atualmente, padarias artesanais e supermercados, por exemplo, também são responsáveis por boa parte das vendas de pão.
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Um dos alimentos mais antigos da humanidade, o pão começou a ser feito no Egito Antigo. Confira, abaixo, a história do pão no mundo e como ele chegou ao Brasil.
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A história do pão
O trigo já era consumido pelo homem da pré-história. Mas ainda não era o ingrediente principal do pão propriamente dito: quando deixou de ser nômade, o homem passou a cultivar os grãos, que davam origem a um tipo de bolo levedado.
Foi mesmo no Egito Antigo, há mais de 6.000 anos, que a fermentação foi descoberta – sem querer! Os egípcios começaram, então, a fazer pão, que era o alimento básico da época.

O pão era, inclusive, uma forma de privilégio para os mais ricos: os pães com trigo de qualidade superior eram feitos apenas para faraós e governantes – que, aliás, tinham o domínio dos celeiros e das plantações de trigo.
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E o forno? Você já imaginou como era um forno nessa época? Pasme: eles eram tão grandes que ocupavam uma área que corresponde a um campo de futebol! Haja pão!
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Os egípcios eram padeiros tão bons que o pão até virou forma de pagamento. Por um dia de trabalho, o cidadão ganhava três pães e duas canecas de cerveja. Na época, não era nada mal.
O pão seguiu sendo método de pagamento – ou, ao menos, um complemento de salário – até a Idade Média.
Nessa época, aliás, a profissão de padeiro era uma das mais prestigiadas na sociedade. Quem sonhava em ser padeiro precisava de muito estudo e empenho – a profissão era para poucos, para um grupo muito restrito e poderoso.
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O alimento à base de trigo ficou importante no mundo todo! Virou, inclusive, símbolo religioso, e não só das crenças cristãs. Na Grécia, por exemplo, deuses do pão e do cereal eram adorados.

A política também teve o pão como fator importante. Você já deve ter ouvido falar da política “pão e circo”. Ela teve origem no Império Romano, onde a aristocracia incentivava os plebeus a não prestarem atenção em ações políticas. Ao invés disso, valorizavam os prazeres pela comida, principalmente o pão, e pela diversão, que era representada pelo circo.
Falando em circo, aí vai mais uma curiosidade: você sabia que a farinha de trigo era usada como maquiagem por palhaços? Como ainda não existia maquiagem industrial, eles usavam a farinha para deixar os rostos brancos – e esses artistas ficaram conhecidos como “enfarinhados”.
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O pão no Brasil
Em terras brasileiras, o pão chegou logo na época da colonização. Mas ainda não era o pão de trigo, o cacetinho. O pão popular tinha miolo e casca escuros. Assim foi até o fim do século 19.
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Foi só no século 20, na época da Primeira Guerra Mundial, que o pão de trigo chegou ao Brasil – e teve a receita inspirada na França, daí o nome “pão francês”.
Nessa época, Paris tinha um pão muito popular e diferente do que se tinha no Brasil. Era um pão comprido, de miolo branco e casca dourada: uma versão anterior à baguete, que hoje é o preferido entre os franceses.
Os brasileiros mais endinheirados, de classes mais altas, viajam a Paris e ficavam encantados com o pão. Ao voltar ao Brasil, descreviam o alimento aos seus cozinheiros, que tentavam reproduzir a receita, mesmo sem nunca tê-la visto pronta.
O pão francês surgiu assim, numa tentativa de reproduzir o pão da França!
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Como toda história muito antiga, há controvérsias. Outra versão conta que a família imperial brasileira tinha, entre seus funcionários, um padeiro francês. Teria sido ele o responsável pela receita de pão que ficou rapidamente popular: ela era chamada de “pão do francês” e, mais tarde, virou só pão francês.
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As primeiras padarias no Brasil nasceram em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
Sorte que, atualmente, conseguimos encontrar uma padaria pertinho, em qualquer cidade do Brasil, não é mesmo? E sempre tem um pão francês, pão de trigo, cacetinho, média, pão de sal fresquinho!