Uma ocupação diferente tomou conta dos gramados do aterro da Via Expressa Sul, na Costeira, em Florianópolis. Local plano, sem fios ou postes e com vento constante, a região virou point de pipeiros de toda a Ilha, que se reúnem nos finais de semana para uma disputa informal motivada pela divertida competição onde vence quem consegue pegar mais pandorgas.

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É com o olho no céu que o zelador Francisco Carlos da Rosa, 41 anos, dá a entrevista. Em alguns momentos solta, em outros, puxa a linha do carretel e volta e meia interrompe a conversa com um “é minha”, ao ver um possível alvo titubeando no céu. Pipeiro desde criança, agora se desloca do Centro até a Via Expressa Sul para tentar “cortar algumas pipas”.

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– A ideia é só ficar se divertindo, não tanto pela competição – diz Francisco.

A batalha das pipas não fica restrita ao ar. Assim que uma delas é cortada, começam os gritos. “Pula! Pega na linha! Corre! Olha lá!”.

É a antecipação de uma correria de uma legião de crianças (e até adultos) que não dão a mínima para o terreno ou para o que existe à frente, sob os pés. Os olhos apenas fitam o céu atrás da pandorga que teve a linha recém-cortada. Perigo mora ao lado Nessa brincadeira de caçar pipas, alguns perigos dividem espaço com a diversão

Muitas pandorgas caem no meio da rodovia e as crianças não pensam duas vezes antes de se meter no meio dos carros que circulam pela pista.

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– Tinha que ter um campo mais seguro para soltar pipa. É perigoso para as crianças. A gente vem aqui porque é um dos poucos lugares onde não tem um monte de fios – relata Francisco.

Alheio aos perigos, o trio Gabriel de Oliveira da Silva, 10, Adrian Delfes Silva, 13 e Claudinei Lori dos Santos, 13, corre atrás das pandorgas. Organizados em grupo, cada um fica disposto em uma parte do campo e vale tudo para pegar um prêmio.

– Em uma tarde boa, dá para pegar até 30 pipas – conta Adrian.

As táticas são diversas: usam paus para enrolar linhas de pipas que estão caindo, ficam em lugares onde há pouca concorrência ou se valem da sorte de estarem mais próximos de uma pandorga decadente.

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Mas, via de regra, a equação é bastante simples: pega mais quem corre mais rápido e pula mais alto. Toda essa caça às pipas poderia ter viés de lucro – cada unidade custa R$ 1 – mas a criançada quer mesmo é munição para a batalha da próxima semana. Seja quantas pandorgas forem, o objetivo é terminar a tarde com alguma pipa flutuando no céu.