Chefe do segmento de aeronáutica e negócios da Saab, Lennart Sindahl é desde junho o vice-presidente-executivo sênior da empresa sueca, que venceu a licitação dos caças no Brasil.

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Ficou só um dia na capital federal, suficiente para se reunir com o comando da Aeronáutica e o ministro Juniti Saito para definir um cronograma até a entrega dos 36 caças Gripen NG. E também ligou para agradecer o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), um dos maiores defensores do caça no governo federal. Será na cidade do ABC paulista que o avião será montado. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Zero Hora – Quais as vantagens do Brasil ao escolher o modelo sueco?

Lennart Sindahl – O Gripen foi a melhor opção por uma série de motivos. O primeiro, obviamente é preencher os requisitos que a FAB estabeleceu. A principal é que o Brasil tinha muito interesse na questão da transferência de tecnologias, de conhecimentos tecnológicos. E isso nós podemos fazer, pois temos todo um programa de desenvolvimento nesta área. O que podemos assegurar, também, é que o Gripen NG é o caça mais moderno que você poderá encontrar no mundo, exceto talvez por China e Rússia. Sobre esses países, nós não temos conhecimento. Se o Brasil comprasse um caça de 20 anos, ele teria, na verdade, mais de 30 anos de uso desde o desenvolvimento. Isso não é bom, há custo de manutenção. É preciso algo mais moderno. E o motivo final é o impacto financeiro. É o melhor produto pelo melhor preço em questão. A preocupação em gastar menos com defesa é mundial.

ZH – Há questionamentos sobre o fato de o Gripen NG nunca ter sido usado em combate. O senhor vê nisso um problema?

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Sindahl – Não. Ele foi usado em grandes operações, como na Líbia, por exemplo. Eu devo dizer que nenhum dos competidores pode ser questionado pelo uso em combate.

ZH – Existe a possibilidade de a Saab emprestar modelos anteriores do caça para os pilotos se habituarem com o Gripen?

Sindahl – Pelo que sei, há uma discussão entre as forças aéreas de Brasil e Suécia a esse respeito. Eu não tenho nenhum detalhe, mas entendo que isso seja debatido e me parece uma solução realista.

ZH – Existe alguma chance de o modelo já estar obsoleto quando for entregue?

Sindahl – Não, pelo contrário. O que nós entregaremos será o mais moderno que você poderá encontrar naquela data. Justamente por sermos o único competidor com um sistema de desenvolvimento que se mantém ao longo da fabricação.

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ZH – Sabemos que Suíça e África do Sul adquiriram caças da Saab. Serão os mesmos modelos que os brasileiros?

Sindahl – O JAS Gripen C/D já está voando na Suécia, Hungria, República Tcheca, África do Sul e Tailândia. Do NG, a Suécia já adquiriu 16 aeronaves. Na Suíça, estamos aguardando por decisões políticas, provavelmente por referendo. O mesmo modelo será para esses três países.

ZH – O senhor assegura que em 2018 o primeiro Gripen NG estará voando no Brasil?

Sindahl – Sim. Talvez antes, dependendo de soluções relacionadas ao inventário. Mas sim, em 2018 estarão sobrevoando o Brasil.

ZH – O senhor considera esta negociação um passo importante para as relações entre Brasil e Suécia?

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Sindahl – Sim. Investimento em defesa é primordial para qualquer país. O Brasil é um país imenso e com uma economia em desenvolvimento. Eu acredito em um crescimento da relação entre os dois países em diversos aspectos.