Desde 2010, um projeto em parceria entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Hórus já retirou mais de 420 mil árvores invasoras em Florianópolis. A ação é feita por voluntários e tem o objetivo de beneficiar o meio ambiente e preservar o ecossistema da ilha. 

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Entre as árvores derrubadas estão o pinus, uma espécie de pinheiro, que tomou conta de áreas como a do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. 

A professora Michele Dechoum, do departamento de Ecologia e Zoologia do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da UFSC, é presidente do Instituto Hórus e está à frente do projeto. Ela explica que os mutirões de recuperação ambiental acontecem mensalmente. 

— As espécies invasoras causam impactos socioculturais, econômicos e ambientais. Mudam a paisagem e até a formação das dunas, por isso afetam quem trabalha lá. Também cobrem o sol das plantas mais baixas, prejudicam a restinga, podem afetar a disponibilidade de água e até o habitat de animais e insetos. Enfim, são muitos impactos. 

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Caça às árvores invasoras

Marcelo Silveira passa os dias nas dunas: instrutor de sandboard, ele é um dos primeiros a perceber quando há espécies invasoras. Além do trabalho com o esporte, existe uma atuação ambiental também, com o plantio de mudas de restinga e apoio na “caça às árvores invasoras” para retirada dessas plantas. 

— Tem bastante pinus. Tinha mais antigamente, mas reduziu com as ações de retirada. 

No lugar das invasoras (além dos pinus, braquiárias e capim-gordura também estão na mira), são plantadas árvores nativas, mudas ou em sementes. Outras ações, como retirada de entulho e de lixo, são organizadas pelos voluntários. 

Espécies invasoras prejudicam as nativas

Dechoum explica que são mais de 90 espécies invasoras catalogadas na ilha, entre animais e plantas. No caso das plantas, o pinus, nativo da América do Norte e trazido para o Brasil entre os anos 1950 e 1960, veio para ser explorado pela indústria madeireira, além de, inicialmente, servir para conter a erosão no caso das dunas. 

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Com o passar dos anos, no entanto, o efeito foi contrário: os pinus tomaram conta, afetaram a restinga (que, de fato, contém a erosão), e acabam evidenciando mais ainda os efeitos das mudanças climáticas. 

— A restinga é a nossa “primeira barreira de defesa” contra a ressaca. Sem ela, a gente acaba tendo aquelas ressacas mais intensas, por exemplo —, explica a professora. 

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O biólogo Emerilson Gil Emerim, que também é diretor de Meio Ambiente da Associação de Surfe da Praia da Joaquina, explica que a restinga protege principalmente a zona litorânea contra o processo de erosão marinha. Sem ela, a erosão é intensificada. 

A associação também faz parte do grupo de voluntários que faz o plantio de espécies nativas, e a retirada das invasoras. 

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— Cada campeonato, cada evento de surfe, a gente faz um trabalho com o Laboratório de Ecologia da UFSC e com voluntários, onde fazemos uma retirada da vegetação invasora e o plantio de vegetação nativa. 

As espécies invasoras são catalogadas na Base de Dados Nacional, elaborada pelo Instituto Hórus. Em Florianópolis, são mais de 100 espécies, entre elas o pinus (Pinus elliottii), os saguis (Callithrix jacchus e Callithrix penicillata), e o caramujo-gigante-africano (Lissachatina fulica). 

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O Chorão-da-praia (Carpobrotus edulis) também é comum, e foi introduzida como planta ornamental. Apesar da beleza, esta espécie impede o desenvolvimento da vegetação local, causando, inclusive, o “sufocamento” de outras plantas. 

O que pode ser feito 

Além de ações de retirada da vegetação exótica invasora, a professora Michele Dechoum explica que é necessário cuidar com as plantas escolhidas na hora de montar um jardim, por exemplo. 

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— Ainda existem floriculturas que vão vender plantas exóticas. Então é importante estar atento, consultar a prefeitura, por exemplo, para saber quais plantas é possível usar. 

O projeto Árvores de Floripa seleciona, na flora nativa, espécies que podem ser usadas na arborização urbana. Entre as nativas estão a pitangueira, a aroeira-vermelha, guabiroba, e o ipê-roxo. A lista completa pode ser encontrada no site

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