Sorriso fácil, espontaneidade e muita vontade de viver. É assim que a cabeleireira Tereza Francisca de Carvalho recebeu a equipe da NSC para contar a sua história, em uma manhã chuvosa de Joinville. Ela tem 60 anos e mora na cidade há 30. Em 2018 Tereza resolveu mudar seus hábitos diários para adquirir um pouco mais de conhecimento.

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Ainda com um pouco de receio, ela se matriculou na Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Centro Educacional e Social no bairro Itaum (Cesita). Tereza é a mais velha da turma e, este ano, cursa o oitavo ano do Ensino Fundamental. Para ela, não há tempo ruim. Durante quatro manhãs, todas as semanas, ela acorda cedo para não perder as aulas.

– Não existe idade para voltar a estudar. Eu achava que tinha – completa.

Nascida em Imbituba, Tereza e os nove irmãos moravam em um sítio, no interior da cidade. Ela conta que, na época, não era comum meninas frequentarem escolas e, por isso, a cabeleireira apenas concluiu a quarta série.

Depois de se casar, ela e a família vieram a Joinville para tentar uma nova realidade. Com as duas filhas ainda pequenas e apenas uma mochila de roupas em mãos, Tereza começou a vida do zero na nova cidade. Para conseguir se sustentar, ela trabalhou como zeladora, empregada doméstica e diarista.

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– Eu não tinha vontade de fazer mais nada. Achava que sabia de tudo e que não precisava ou não tinha mais o que aprender – relembra.

Foi depois de realizar um curso de cabeleireira que ela percebeu a necessidade em adquirir um pouco mais de conhecimento, já que a nova profissão exigia uma demanda maior de lições e atividades. Tereza conta que foram nítidas as mudanças a partir da volta aos estudos.

– As pessoas percebem na minha fisionomia que estou mais alegre, mais moleca. Às vezes, eu mesma esqueço que tenho 60 anos – ressalta.

Além disso, ela destaca a melhora em sua comunicação. Depois de voltar aos estudos, Tereza agora consegue desenvolver melhor as repostas e pensar de forma mais adequada na maneira como fala com as pessoas, especialmente no ambiente de trabalho.

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– Se fosse antes, eu não conseguiria falar aqui com você para a entrevista, por exemplo. Antes, dependendo do que as pessoas me diziam, eu me sentia facilmente ofendida. Hoje estou me sentindo muito bem. Estou confiante – enfatiza.

A dimensão da EJA

Tereza é umas das milhares de pessoas que já passaram pela EJA. Dentro do ensino regular, também é oferecido o processo de alfabetização para quem nunca frequentou a escola. Pelo menos 12 escolas municipais da cidade disponibilizam o ensino a pessoas acima de 15 anos que não completaram o Ensino Fundamental.

A modalidade EJA é gratuita. Em Joinville, por exemplo, funciona desde 1997 e, nos últimos quatro anos, já realizou 6.463 matrículas.

Para participar da EJA, é necessário reunir algumas documentações de identificação (RG, CPF ou CNH) e comprovante de residência e ir até uma das escolas que oferecem as aulas. Mais informações estão disponíveis no site da Secretaria da Educação.

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