As mais de 40 mil pessoas que passam pelo Terminal de Integração do Centro, o Ticen, em Florianópolis, se deparam ao longo da campanha eleitoral quase que diariamente com a presença de cabos eleitorais distribuindo santinhos dos mais variados candidatos. A poucos dias da eleição, uma mudança. Os postulantes, que na maioria das vezes só eram vistos nas sorridentes fotografias panfletadas por seus contratados, passaram do formato remoto para o presencial e agora disputam a atenção de quem passa pelo local na tentativa de conquistar o voto.

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Na manhã da última sexta-feira (24), pelo menos dois candidatos se misturavam a multidão. Um deles, que disputa uma vaga na Assembleia Legislativa, contava com um microfone e alguns apoiadores que em coro gritavam seu número de urna. O outro levou uma centena de panfletos e meia dúzia de totens com bandeiras amarradas. Na disputa de quem fala mais alto, ambos disputavam a atenção do mesmo público que o cantor de rua e os vendedores de alho e de jogos de azar que se acumulam na região central.

Para o especialista em cultura política e professor de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Daniel Pinheiro, a presença dos candidatos nas ruas é uma tradição da reta final das campanhas. Ele avalia que o corpo a corpo pode conquistar o voto dos indecisos.

— A rua é uma referência e um chamariz de votos e é fundamental em um cenário como este aqui no Estado: esse empate nas pesquisas, essa proximidade. Depende muito de campanha para campanha, de candidato para candidato, de como é que eles vão conseguir estabelecer essa relação com o eleitorado que é pego na rua, principalmente o indeciso ou aquele que gosta de fazer a referência a um candidato “real” — afirma o estudioso.

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Pinheiro pontua também que é mais comum nesta época a presença de candidatos a deputado federal e estadual nas ruas. A estratégia, explica o professor, é estar presencialmente em seus redutos eleitorais.

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— Mesmo em época de rede social, a última semana é na rua. Tem dois tipos de rua, tem aquela em que os candidatos precisam dar sua cara e a gente está vendo principalmente candidatos a deputado fazendo isso nas cidades em que eles têm uma perspectiva maior de votos. Nós já vimos eles nas ruas, com suas equipes, seus apoiadores e isso deve se repetir para o Executivo — pontua Pinheiro.

Pelas ruas centrais da Capital é possível ver os tradicionais santinhos e adesivos eleitorais espalhados. Em alguns dos pontos, como a frente da Catedral Metropolitana, também é comum encontrar totens com fotos dos candidatos.

Em Joinville e Blumenau, cidades que estão entre as maiores do Estado, a presença da campanha é concentrada em pontos específicos. Há locais como a estação de ônibus e ruas mais centrais que já viraram “regiões eleitorais”.

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O que não é comum são pessoas que não estão trabalhando na campanha andando com botons, camisetas ou outros itens alusivos aos candidatos. Para o doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Flávio Ramos, isso pode ser lido como reflexo da polarização política.

— Li uma pesquisa recente que muito me preocupou: sete entre 10 pessoas têm receio de serem agredidas por suas respectivas posturas políticas. Neste aspecto as pessoas preferem demonstrar seus antagonismos (às vezes ódio) pelas redes — comenta Ramos.

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