Para abrir uma empresa em terras brasileiras, um investidor estrangeiro precisa de paciência, muita paciência: em média, são 166 dias para que cumprir todos os procedimentos. A longa espera coloca o Brasil entre os quatro países mais burocráticos do mundo – atrás de Angola, Haiti e Venezuela -, segundo estudo feito pelo Banco Mundial (Bird) em 87 nações.
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Em países como o Canadá e a Geórgia, por exemplo, o período é bem mais curto: são seis e quatro dias, respectivamente (veja quadro). Para o professor de ambiente econômico global do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Otto Nogami, o resultado retrata “toda uma ineficiência em termos de legislação, todo o aspecto burocrático” e deixa o país distante da média dos industrializados. Ainda assim, o investidor estrangeiro não desiste. Em busca de um mercado de 193 milhões de consumidores, vem ao Brasil, independentemente dos entraves.
– É uma questão de custo e risco – pondera o professor.
Apesar de considerar importante a iniciativa de mapear a facilidade de fazer negócios, Roberto Haddad, sócio da área de tributação internacional da KPMG, faz ressalvas: o estudo “pega um universo de empresas que nem sempre é a maioria dos casos”.
– O Brasil é único em complexidade e burocracia. Não é impossível. Mas esse é o principal gargalo para o país deslanchar de vez – admite Haddad, que cita o sistema financeiro como ponto positivo no cenário nacional.
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Se o relógio não favorece o Brasil, quando o assunto é a facilidade para estabelecer a empresa, o país fica em posição um pouco melhor – em um índice que vai de zero a cem, a nota brasileira é de 62,5. No quesito restrições à presença de estrangeiros, os números nacionais estão acima da média da América Latina. Na comparação com os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), só a Rússia tem menos restrições à participação estrangeira na economia.