A burocracia de documentos impediu o traslado, nesta quinta-feira, do corpo do norte-americano Shane Gaspard, 43 anos, de Santa Catarina para os Estados Unidos. O engenheiro foi encontrado morto com uma facada no coração em uma festa na noite de Natal, em Penha, Litoral Norte.
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A mulher de Gaspard e familiares dela passaram boa parte do dia em busca dos papeis necessários para a liberação. O processo é feito com a funerária Bom Pastor e é acompanhado pelo Consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
Até o começo da noite, o corpo continuava sob responsabilidade da funerária. A empresa informou que a ausência de um documento, que ainda está sendo providenciado, impedia o traslado ao Aeroporto de Guarulhos, em SP, onde seguirá para a cidade de Cut Off, na Louisiana, e será enterrado por seus familiares norte-americanos.
Gaspard morava com a mulher brasileira e os dois filhos dela em uma casa no Centro de Navegantes. Nos Estados Unidos, tinha um filho do primeiro casamento. A mulher, de 39 anos, natural de Santos (SP), e os familiares dela, não quiseram dar entrevistas sobre a morte.
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Um deles, um homem de 32 anos, prestou depoimento à tarde ao delegado Rodolfo Farah, responsável pela investigação, na Delegacia de Piçarras. Assim como a viúva, ele também estava na festa de Natal, numa casa que fica no Bairro Praia Alegre, em Penha.
Segundo o delegado, as sete pessoas que estavam na residência, além de outras, serão ouvidas pela polícia. Farah afirma ainda ter dúvidas se o estrangeiro foi vítima de homicídio ou se houve suicídio, motivo pelo qual prefere não antecipar as linhas de investigação. Ele aguarda os laudos do Instituto Médico Legal (IML). Em conversa com um dos peritos, o policial foi informado que a morte não foi instantânea.
Um ponto que intriga a polícia é o fato de a faca suja com sangue apreendida pela polícia ter sido localizada dentro da caminhonete de Gaspard – quando a polícia chegou à casa o corpo estava caído do lado de fora do carro, na casa em que havia a festa. O delegado comentou também que não havia sinais no local que indicassem suposta ação de defesa de Gaspard.
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– Ainda não sei como ele morreu, se foi homicídio ou suicídio. Por isso, é cedo para apontar qualquer linha de investigação sobre o que ocorreu – resguardou-se o policial.
Uma das informações obtidas pela polícia e confirmada pela reportagem com vizinhos na rua Comandante Francisco Dias, onde Gaspard morava com a mulher, é de que o casal brigava muito em casa. Consta na investigação o registro de uma recente agressão física do norte-americano contra a mulher. O DC apurou que o casal teria discutido durante a festa de Natal, mas a polícia não confirma.
Discreto e reservado
Em Penha e Navegantes, Shane Gaspard era conhecido por ser reservado, de pouco papo e raros amigos. O casal morava havia cerca de cinco meses na casa com muro alto e sem campainha, em Navegantes.
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– Ele entrava mudo e saía calado. Nem cumprimentava a gente – recordou um vizinho.
A polícia apurou que ele estaria desempregado há alguns meses e tenta descobrir quais as empresas do mercado naval que prestaria serviços atualmente.
O estrangeiro morava há menos de três anos no Brasil e falava mal a língua portuguesa. A festa na noite de Natal teve fogos e som alto.
A polícia foi chamada ao local por um dos familiares por volta das 3h30min da madrugada.