Na direção contrária da produção histórica colhida no campo, a supersafra emperra nas estradas e escancara as deficiências do Estado em infraestrutura. Da porteira das fazendas para fora, a alta produção é freada por estradas de chão batido, rodovias abarrotadas de caminhões e custo do frete nas alturas. Grande parte da precaução do produtor hoje, ao limitar o número de contratos futuros e calcular a rentabilidade, está na dificuldade de transportar a safra – dependente ainda do meio rodoviário.
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GALERIA DE FOTOS: O CAMINHO DA SUPERSAFRA DE SOJA
Para acessar a propriedade de Ilton Balzan, entre Jari e Tupanciretã, por exemplo, caminhões precisam rodar quase cem quilômetros de chão batido, entre ida e volta. Outra alternativa seria transportar a safra por Toropi, em um trajeto de 40 quilômetros sem pavimentação. Porém, uma subida íngreme antes de uma ponte sobre o Rio Toropi impede a passagem de caminhões.
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– Comecei a plantar aqui há mais de 30 anos, e as estradas são as mesmas. Os lugares em que os caminhões atolavam naquela época são os mesmos em que atolam agora – conta o produtor, que começou a propriedade com 270 hectares na década de 1980.
Carregado com 37 toneladas de soja colhida nas lavouras de Balzan, o caminhão do motorista Paulo César Ferreira levou duas horas e trinta minutos para percorrer o trajeto de 48 quilômetros até a sede de Tupanciretã.
– Não tem como andar a mais de 20 quilômetros por hora nesta estrada. É um buraco atrás do outro – disse Ferreira, que já ficou atolado dois dias com o caminhão naquele trecho.
Município com a maior área plantada de soja do Estado, 142 mil hectares, Tupanciretã soma ingratos 2 mil quilômetros de estradas de chão batido nas áreas rurais.
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– Nossa produtividade é alta e não temos estradas – admite o secretário de Obras do município, Ildemar Fassbinder.
Vídeo: Zero Hora acompanhou a supersafra até o porto de Rio Grande