Em depoimento de mais de seis horas à Polícia Federal, o empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, o amigo do ex-presidente Lula, decidiu confessar crimes que cometeu. Ele contou, nesta segunda-feira, que pegou emprestado R$ 12 milhões do Banco Schahin em 2004 para repassar ao caixa 2 do PT.

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O amigo de Lula está preso em Curitiba desde 24 de novembro, quando foi capturado na Operação Passe Livre, desdobramento da Lava-Jato. Bumlai é o protagonista de uma transação financeira que se transformou em um pesadelo para o PT. Em troca da concessão dos R$ 12 milhões, o Grupo Schahin ganhou um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitoria 10000, da Petrobras.

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O amigo pecuarista havia declarado em um primeiro momento que uma operação de dação de “embriões de gado de elite” para agropecuárias do Grupo Schahin foi a saída para quitação formal do empréstimo de R$ 12 milhões realizado em 2004. No depoimento desta segunda, que foi divulgado nesta terça-feira, ele revelou a farsa.

– Acreditava que com a assinatura do contrato (com a Petrobras) a Schahin quitaria sua dívida; que, passado mais um tempo, o interrogando foi procurado por um advogado da Schahin, cujo nome não se lembra, para articular uma forma de quitar a dívida; que o advogado esclareceu que havia necessidade em se simular uma operação que envolvesse bens móveis; que os únicos bens móveis que o interrogando poderia fornecer seriam embriões bovinos – declarou.

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Bumlai relatou aos policiais que metade desse valor foi destinado ao PT de Santo André, onde o partido teria sido chantageado por um empresário, Ronan Maria Pinto, que teria pedido R$ 6 milhões para não contar o que sabia sobre o caixa dois do diretório local e a relação desses recursos com o assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrida em 2002. Os outros R$ 6 milhões foram enviados ao PT de Campinas para quitar dívidas de campanha, segundo a confissão de Bumlai.

As negociações para o empréstimo ocorreram em outubro de 2004, quando o PT participava do segundo turno de uma série de eleições municipais, entre as quais a de Campinas. Naquele ano, Dr. Hélio (PDT) venceu a disputa com o apoio do PT no segundo turno.

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CONTRAPONTO

O PT nega que tenha recebido recursos ilegais de José Carlos Bumlai. Em nota, o partido disse que “todas as doações recebidas pelo PT aconteceram estritamente dentro da legalidade e foram posteriormente declaradas à Justiça eleitoral”.