A Comissão Europeia apontou nesta quinta-feira (3) o protecionismo como o “maior risco” para o crescimento da zona do euro, ao apresentar suas previsões do primeiro semestre, nas quais o bloco mantém as estimativas de expansão para 2018 e 2019.
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Em seu conjunto, as economias dos 19 países que compartilham a moeda única devem crescer 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, e 2,0%, em 2019, depois de registrar no ano passado o maior crescimento em uma década, 2,4%.
Contudo, “o maior risco que pesa sobre estas perspectivas otimistas é o protecionismo, que não deve se tornar o novo normal”, afirmou em um comunicado o comissário europeu de Assuntos Financeiros, Pierre Moscovici, para quem isto “prejudicaria” os cidadãos.
A UE está sob a ameaça do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifas pesadas às exportações europeias de aço e alumínio para os Estados Unidos, uma medida contestada pelo bloco europeu. A decisão final deve ser adotada até 1º de junho.
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Bruxelas alerta também para os possíveis efeitos prejudiciais do estímulo fiscal nos EUA, um risco “inter-relacionado” com a “escalada” protecionista. Caso esses efeitos se concretizem, a zona do euro estaria em uma “situação especialmente vulnerável”, explica a Comissão.
As previsões de primavera boreal, que não registram mudanças na expansão da zona do euro para 2018 e 2019, são feitas um dia após os desanimadores primeiros dados oficiais de crescimento do conjunto dos 19 países do euro no primeiro trimestre do ano.
A agência europeia de estatísticas Eurostat indicou uma desaceleração de três décimos, a 0,4%, nos três primeiros meses de 2018, frente ao último trimestre do ano anterior. Isso ampliou a preocupação de que a recuperação na Europa possa perder o fôlego, após um 2017 forte.
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O comissário europeu minimizou esses dados, nesta quinta. Para Moscovici, eles obedecem “essencialmente a fatores temporários, como um inverno frio”.
“Isso não terá efeito nos dados de 2018 em seu conjunto”, acrescentou.
– Desemprego, déficit, inflação –
Para o conjunto dos 28 países da UE, os números são iguais: após um crescimento de 2,4% em 2017, a Comissão prevê 2,3% em 2018, e 2%, para o próximo ano. Para 2019, quando está prevista a saída do Reino Unido, Bruxelas estima um crescimento de 2%, à espera do resultado das negociações de divórcio.
Pelo segundo ano seguido, em 2018, todos os países do bloco terão crescimento do PIB, com Malta (5,8%) e Irlanda (5,7%) na liderança. Entre as maiores economias da zona do euro, a Espanha teria a maior expansão, com 2,9%, seguida de 2,4% em 2019.
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A Comissão Europeia revisa, assim, três décimos para cima os dados da quarta economia da zona do euro, o que exemplifica um dos desafios pendentes no bloco para superar as consequências de anos de crise econômica: o desemprego.
O percentual de desempregados na zona do euro, que atualmente conta com 19 países, cairia de 9,1%, em 2017, para 7,9%, dois anos depois – mas ainda acima dos 7,3% registrados em março de 2008, meses antes da quebra do banco de investimento Lehman Brothers.
Na Espanha, esses níveis devem se manter em 15,3%, em 2018, e em 13,8%, um ano depois. O único país pior é a Grécia, com 20,1% e 18,4%, respectivamente.
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* AFP