Fé. Antes mesmo de a partida começar, a torcida já sinalizava qual seria a palavra de ordem de uma tarde ensolarada no estádio às margens do rio Itajaí-Mirim. A cidade de Brusque, tradicionalmente silenciosa aos domingos, ecoava o som de 4,2 mil vozes empurrando o time ao tão sonhado acesso à Série C. Nada poderia estragar a festa: gente na rua, famílias no estádio e uma cidade vivendo um sonho a ser alcançado, com os gritos de “eu acredito”.

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O Brusque começou apertando. Criou várias oportunidades no comecinho da primeira etapa e apavorava a defesa da Juazeirense-BA. A torcida tinha pressa. Toda falta marcada para o time adversário e que tinha demora na cobrança, um enxurrada de vaias e gritos para o juiz ecoavam pelo estádio.

Aos 26 do primeiro tempo, um pênalti é marcado para o time da casa. Aí, a estrela do camisa 9, o centroavante Júnior Pirambu, brilhou. O atacante converte a cobrança e começa a construir o acesso do time do Vale à terceira divisão do futebol nacional. Todas as jogadas da Juazeirense-BA na primeira etapa até iniciavam contra-ataques promissores, mas eram frustradas pela sólida defesa armada pelo técnico Waguinho Dias.

Minutos depois, aos 39, a bola é cruzada na área do time baiano e novamente o camisa 9 surge no meio do bolo de jogadores, vence a defesa baiana, escora de cabeça e vê a bola entrar lentamente, no cantinho direito da meta defendida pelo goleiro Gleibson.

Bastou a bola cruzar a linha do gol para a torcida explodir em alegria o Estádio Augusto Bauer. Na saída de campo para o intervalo, em entrevista às rádios, Pirambu deu a prova de fé: agradeceu a Deus e à torcida pela tarde iluminada.

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Na volta para o segundo tempo, quem tinha pressa era o time do Nordeste. Mesmo assim, o Brusque continuava na pressão. Os primeiros minutos foram mornos, sem muitas jogadas de perigo. Até que aos 18 minutos, Airton trabalha a jogada pelo lado esquerdo e acerta na medida para Fio, que mete a cabeça na bola para vencer novamente a defesa adversária.

Mesmo com a vitória quase garantida, a partida ainda estava tensa. Aos 32, uma confusão envolveu jogadores das duas equipes, o que não tirou o brilho da festa da torcida do Vale. Em seguida, aos 38, o estádio todo se empolga quando Jefferson Renan faz boa jogada pela direita, deixa o marcador para trás e dá o passe para Thiago Alagoano carimbar a sonhada vaga nas semifinais da Série D do Brasileiro, e consequentemente, garantir o Brusque na Série C nacional em 2020.

A vaga era tão sonhada mesmo. Com o feito, o Brusque quebra uma marca de nove anos sem um time catarinense subir para a terceira divisão e entra em uma promissora comparação: apenas Chapecoense, em 2009, e Joinville, em 2010, conseguiram a façanha. E ambos conseguiram, anos depois, chegar à elite nacional.

Nos minutos finais, o jogo virou mero detalhe. Torcedores acenderam as luzes dos celulares, promovendo uma festa linda no Estádio Augusto Bauer, para iluminar o caminho do clube na agora realidade chamada Série C do Brasileiro.

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Ficha técnica

BRUSQUE (4)

Zé Carlos (Dida); Edilson, Ianson, Cleiton e Airton; Ruan, Thiago Alagoano, Fio (Thiago Henrique) e Romarinho; Júnior Pirambu (Zé Mateus) e Jefferson Renan.

Técnico: Waguinho Dias.

JUAZEIRENSE-BA (0)

Gleibson; Rodrigo Ramos, Emilio, Emerson e Cesinha; Waguinho, Iran, Ewerton (Nino Guerreiro) e Clebson; Gustavo Balotelli (Wilian) e Toni Galego (Jeam).

Técnico: Maurílio Silva.

Gols: Júnior Pirambu (B) aos 27 e aos 39 do 1º tempo; Fio (B) aos 18 e Thiago Alagoano aos 38 do 2º tempo.

Amarelos: Jefferson Renan (B); Emilio, Iran e Willian (J). Arbitragem: Marcelo de Lima Henrique, auxiliado por Rodrigo Figueiredo Henrique Correa e Carlos Henrique Alves de Lima Filho, todos do RJ.

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Local: Estádio Augusto Bauer, em Brusque. Público: 4.296 pessoas. Renda: R$ 88.500,00.