Campeão. No dicionário, a palavra tem diversas definições. Entre elas, uma chama a atenção: "aquele que combate em campo fechado, para defender a sua própria causa ou a de outrem". E na tarde de ontem, o Brusque travou uma batalha pelo título. Em um campo um adverso, com quase 45 mil vozes torcendo contra, e na defesa do futebol de Santa Catarina.

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Após o empate em casa em 2 a 2, o desafio era maior: vencer o Manaus FC-AM, em um clima diferente e na casa do adversário a imponente Arena Amazônia. De fato, a missão não foi tão fácil assim quanto se esperava.

Mesmo saindo na frente logo aos dois minutos de jogo, com gol de calcanhar de Júnior Pirambú, o time do vale viu os donos da casa empatarem a partida com a mesma velocidade, mostrando que a vontade de brigar pela taça era igualmente grande.

Aos sete minutos, em cobrança de falta, Panda levantou bola na área, Derlan escorou de cabeça e Sávio mandou a bola para o gol, empatando o jogo em 1 a 1. Logo depois outro susto: Diogo Dolem aproveitou o rebote do chute de Evair, mas a arbitragem anulou o gol, indicando irregularidade no lance.

A cada bom lance do Manaus FC-AM a torcida gritava ensandecida na tentativa de apoiar e mostrar aos visitantes de camisas amarelas quem mandava na competição no encalorado Norte do país. Aos 30 minutos, uma pausa para hidratação na capital manauara, que disfrutava de mais um domingo de sol com a temperatura na casa dos 30 °C.

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Na volta do intervalo, aos 14 minutos, o jogo esfriou para o Brusque quando Mateus Oliveira meteu a cabeça na bola e fez a festa da torcida, mexendo no placar: 2 a 1 para o time da casa.

Um terreno hostil. 44.896 pessoas, em sua esmagadora maioria torcendo pelo Manaus. Parecia que o título iria ser adiado para o Brusque, que até então já havia conseguido o objetivo de garantir a vaga na Série C, há quatro jogos atrás.

A equipe impiedosa dentro do Augusto Bauer experimentava do próprio veneno ficando atrás no placar durante longos e sofridos 23 minutos. O Brusque não se abateu e continuou na pressão. Que surtiu efeito quando após um bate e rebate na área adversária, Thiago Alagoano pega a sobra, enche o pé e manda ela no cantinho esquerdo do goleiro Jonathan. Tudo igual: 2 a 2.

Com o gol de Alagoano, quem esfriou dessa vez foi a torcida manauara, que agora em silêncio, misturava felicidade com a incerteza dos pênaltis. Aos 50 minutos, a arbitra Edina Alves Batista trilou o apito para decretar a angustiante decisão dos pênaltis.

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Nas cobranças alternadas todos converteram as cinco cobranças, Porém, quando foi a vez de Marcio Passos cobrar, o volante do Manaus chutou pra fora. Então, coube a Zé Carlos, personagem da caminhada do time até ali, fazer a última cobrança, converter e firmar a vitória do representante catarinense no campo hostil do Amazonas.

Hostilidade que acabou sendo convertida em respeito e admiração quando a torcida do time derrotado aplaudiu de pé a garra do Brusque. O título de campão ao Marreco fez jus a definição estabelecida pelo dicionário, e além da taça, traz muitos significados. Entre eles, o de encher de esperanças uma cidade, alegrar as pessoas que nela habitam: função básica desse esporte, que está longe de ser apenas um jogo e que se chama futebol.