Série D da dificuldade. A quarta e última divisão do Campeonato Brasileiro vai começar neste fim de semana com três times catarinenses na disputa. Brusque, Inter de Lages e Tubarão, cada um a sua maneira e condições, vão buscar o acesso à Série C. A competição curta, que em menos de três meses serão conhecidos os clubes que sobem, permite que as equipes locais sonhem com o objetivo alcançado, apesar dos percalços que terão de superar. Afinal, é a disputa das menos atrativas do calendário nacional
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Tanto que os clubes recebem da CBF apenas o custeio de viagem para jogo fora de casa de um dia para 25 pessoas – geralmente os clubes passam mais tempo fora e precisam levar mais profissionais, entre atletas e comissão técnica. Não há cota de televisionamento, tampouco premiação. A motivação única e exclusiva é conseguir subir.
— No Catarinense ainda tem a verba da televisão. Por mais que no Brasileiro tenha viagens subsidiadas, há déficit. Mas é a única forma de você chegar à Série C, que já tem uma remuneração. Então, você precisa jogar para buscar isso, a Série C permite a sustentabilidade de um clube pequeno – corrobora o presidente do Inter de Lages, Cristopher Nunes.
Dos três catarinenses, o Leão Baio é o que demonstra entrar na competição de forma mais frágil. Vindo do descenso no Estadual três semanas antes da estreia contra o Caxias-RS, às 16h deste domingo, no Tio Vida, o Internacional começou os treinamentos na última terça-feira e com apenas 15 jogadores assegurados para a disputa. Um dos principais nomes da equipe, o centroavante Max, é dúvida. O atleta quer seguir e o clube também, mas sem dinheiro o empréstimo para outra equipe soa a melhor alternativa.
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Diferente de Brusque e Tubarão. Depois da vaga na Série D confirmada no Catarinense do ano passado, os times se planejaram ainda no ano passada para a competição. Prestes a iniciar a quinta participação, a equipe brusquense se escorou na verba de patrocínios. Em vez de contratos de até seis meses, abrangendo o Estadual, formou vínculo de um ano com os apoiadores.
— Temos um orçamento anual. Fizemos um planejamento em que temos investimento maior no Catarinense e com o suficiente para a Série D, com folha quase a metade do Estadual — explica Carlos Beuting, diretor de futebol do Brusque.
O plano do Peixe é parecido, mas com prazo maior de execução. Enquanto o adversário local formatou o projeto para a temporada, a equipe tubaronense deu a largada ainda no segundo semestre do ano passado. O elenco que venceu a Copa Santa Catarina 2017 foi a base do Catarinense e este é o da Série D, enxertado com atletas mais experientes.
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— Não tem alteração na folha salarial, trabalhamos com a mesma faixa de salário desde o ano passado. Teremos de ser criativos e criteriosos. O planejamento inicia de uma forma e termina da mesma — garante o gerente de futebol do Tubarão, Julio Rondinelli.
Fórmulas diferentes de montar o plantel
Subir para a Série C é desejo em comum, mas para atingir a terceira divisão nacional do próximo ano os clubes de Santa Catarina terão meios distintos entre si. Boa parte dos jogadores que vestiram a camisa de Brusque, Inter de Lages e Tubarão no Estadual estará com a mesma veste na Série D. No entanto, há diferença nos perfis dos elencos.
O jovem Peixe do Campeonato Catarinense buscou “envelhecer” o plantel para a disputa – e não se trata apenas da contratação do atacante Magno Alves, de 42 anos. Antes do anúncio do Magnata, o clube já havia apresentado meia Branquinho, de 35 anos, e abrigado no Domingos Gonzales jogadores que conhecem a quarta divisão.
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— Contratamos atletas em atividade e com experiência para jogar Série D. Até porque um dos pontos negativos nosso é disputar a competição pela primeira vez. Por isso aproveitamos a experiência de profissionais para atingir o objetivo — explica Julio Rondinelli, gerente de futebol do Tubarão.
O Brusque fez o caminho inverso. O elenco experiente do Catarinense foi rejuvenescido, ainda que tenha sido incorporado com o centroavante Lima, de 35 anos, que disputou o Estadual pelo Hercílio Luz. Do mesmo clube de Tubarão veio o jovem Tiago Pará, de 22 anos, para o ataque. O meia Eliomar, de 30 anos e bem conhecido do torcedor, está de volta.
— Baixamos a idade do elenco, para que tenhamos mais força física, intensidade e velocidade. Vieram bons nomes para que tenhamos mais ousadia e conseguirmos subir. Nos últimos dois anos, ficamos perto — justifica Carlos Beuting, diretor de futebol.
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Dos três times do Estado, o Inter de Lages teve maior dificuldade para montar o elenco para a disputa justamente por causa da questão financeira. Com parcos recursos, nomes como Max, Luizinho e Mateus Arence gostariam de seguir no clube, mas o Leão Baio não sabe se poderá pagá-os. O orçamento apertado é determinante e não ir além dele, uma necessidade.
— Vamos viabilizar para o plantel faça a Série D com dignidade. No ano passado tínhamos um time jovem que ficou perto de avançar ao mata-mata, só não foi por causa do saldo de gols. Queremos ter uma equipe competitiva, mas dentro da nossa realidade — garante o presidente Cristopher Nunes.
Os Catarinenses na Série D
Acessos
Chapecoense (2009) e Joinville (2010)
Mais participações
Metropolitano (7)
Outros representantes
Concórdia, Guarani de Palhoça e Marcílio Dias
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