O prefeito Bruno Covas (PSDB), 39, recebeu diagnóstico de câncer no trato digestivo e terá que passar por quimioterapia. O diagnóstico foi divulgado nesta segunda-feira (28) em coletiva de imprensa no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
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Covas não deve se afastar do cargo a princípio. Ele disse aos médicos que terá a responsabilidade de ficar no comando da Prefeitura enquanto possível e só deixará o posto quando precisar.
O adenocarcinoma está localizado na área de transição entre o esôfago e o estômago e -conhecida como cárdia-, e há também um nódulo hepático. Segundo a equipe médica que atende o prefeito, "existe uma metástase única no fígado".
— Nunca vi um diagnóstico tão precoce – afirmou o infectologista David Uip, que tem acompanhado o tratamento do prefeito.
— Não existe um ranking de agressivo ou não para tumores. Podemos dizer que a doença foi algo traiçoeira. Não trouxe nenhum sintoma local. A primeira manifestação foi a trombose. Do ponto de vista sistêmico, a doença está localizada – afirmou Artur Katz, oncologista do Sírio-Libanês.
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Os médicos responsáveis pelo tratamento de Covas afirmam que em um período de seis a oito semanas eles poderão avaliar a eficácia ou não do tratamento quimioterápico. Covas tem procurado cuidados médicos desde sábado (19), quando sentiu-se mal, passou pelo pronto-socorro do hospital Albert Einstein e começou a fazer tratamento com antibióticos.
Como o resultado não foi o esperado, ele se dirigiu ao Sírio-Libanês na quarta-feira (23), quando recebeu o diagnóstico de erisipela na perna direita.
A erisipela consiste em infecção de pele causada por bactérias que penetram através de pequenos ferimentos, como picadas de inseto, frieiras e micoses. Por recomendação do infectologista David Uip, Covas foi internado.
Entre o dia 19 e a internação, Covas resistiu à recomendação de desacelerar o dia a dia na prefeitura. O prefeito manteve a mesma rotina, despachando e participando de atos públicos.
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Um dos últimos compromissos dele foi o ato de sanção de alteração de lei relacionada ao Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano), com fixação de 30% dos recursos para habitação, na quarta-feira (23).
No dia da internação, a perna do prefeito estava inflamada e a panturrilha, dura, o que sugeriria uma trombose venosa profunda, o que foi confirmado por uma tomografia.
Exames posteriores diagnosticaram um tromboembolismo nos dois pulmões -quando um coágulo se desloca de alguma região do corpo para o pulmão.
Do hospital, ele manteve contato com o secretariado, tanto por telefone quanto pessoalmente. Ele também continuou atualizando sua conta no Instagram -inclusive com assuntos alheios à sua questão de saúde, como a divulgação de novos dados de despesas no portal da transparência.
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Após um exame pet scan, veio o diagnóstico de uma tumoração no trato digestivo, que foi divulgado neste domingo (27).
A descoberta surpreendeu a equipe médica porque o prefeito em nenhum momento apresentou sintomas clássicos de câncer no aparelho digestivo, como perda de peso (ele mantém o mesmo há dois anos).
Ele é saudável, faz academia cinco vezes por semana e não tem histórico familiar de câncer nessa região. O avô dele, Mario Covas, ex-governador de São Paulo, morreu em 2001 em decorrência de um câncer na bexiga.
Pessoas próximas ao prefeito afirmam que o diagnóstico o assustou, mas que nesta segunda (28) ele já estava despachando novamente. Inclusive, teria dado ordem para que se mantivesse a programação normal na prefeitura, incluindo inaugurações.
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Nesta segunda, Covas escreveu texto sobre o assunto em suas redes sociais. "Não tenho dúvidas que vou vencer esse desafio. Quero agradecer as centenas de mensagens que tenho recebido de inúmeras pessoas. Ajuda muito a atravessar a tempestade", escreveu.
SUCESSÃO
O possível pedido de licença e afastamento de Covas precisa ser ratificado pela Câmara.
Caso isso ocorra, quem assumiria a administração municipal é o presidente do Legislativo municipal, vereador Eduardo Tuma (PSDB), uma vez que Covas foi eleito vice-prefeito na chapa do atual governador e ex-prefeito João Doria (PSDB).
De acordo com a Lei Orgânica do Município de São Paulo, em caso de impedimento ou vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito e tendo já decorrido dois anos de mandato, o presidente da Câmara assume por 30 dias.
Após esse período, uma eleição indireta deve ser realizada pela Câmara para os dois cargos, com a indicação de apenas uma chapa por partido. Cabe à Mesa Diretora editar as regras que regulamentarão esse processo eleitoral. E os eleitos, para prefeito e vice, devem cumprir apenas o período restante do mandato.
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Covas está no penúltimo ano de mandato.