Provavelmente nem mesmo o Brujeria cogitava que seu disco de estreia, Matando Güeros (1993), seria acolhido com tanto fervor. É claro que o marketing envolvendo misteriosos mexicanos mascarados usando apelidos para manter a identidade secreta em alusão aos senhores das drogas foi uma boa sacada, mas, independente disso, cada um de seus registros provou ser muito bem elaborado no universo da música extrema.
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Foram necessários 16 anos para que os narcotraficantes se dispusessem a lançar seu quarto álbum, Pocho Aztlan. O rodízio de integrantes que circula pelo Brujeria continua constante e atualmente oferece músicos consagrados oriundos de bandas como Carcass, Napalm Death e Cradle Of Filth. O certo é que a raiva somente tem crescido para o patrão e vocalista Juan Brujo, que continua com sua declaração de guerra vociferando em espanhol singelos temas envolvendo drogas (óbvio), sexo, religião (como no?!?), nação, imigração (claro que si!), e atrocidades contra as mulheres. Saca aquelas questionáveis “poesias” latinas? Pois é…
Musicalmente, é evidente que o Brujeria segue orgulhosamente atado às suas raízes, ainda que nos últimos tempos tenha investindo no groove em detrimento da podreira descontrolada de outrora. Se as ótimas Profecia Del Anticristo, Plata O Plomo e Angel De La Frontera são bons exemplos dessa constatação, o pesadelo de death metal é explícito em No Aceptan Imitaciones, e Satongo é grindcore clássico. Ou seja, há de tudo por aqui, até mesmo uma versão para o hino California Uber Alles (Dead Kennedys), renomeado para California Uber Aztlan, que encerra a audição.
O humor ofensivo certamente não é para todos, mas a música e a natureza enigmática do Brujeria possibilitaram que Pocho Aztlan estreasse no terceiro posto da Billboard, a melhor marca para um álbum de heavy metal. Para finalizar, vale citar que, ainda no início de 2016, a banda liberou o EP Viva Presidente Trump!, uma ode ao norte-americano que já demonstrou tanto afeto pela nação xicana. Ouça degustando uma generosa dose de mezcal com verme. lml
Resenhas de Males que vão para o Ben
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