Vasos de plantas, caixas d’água, canos, pneus e piscinas sem manutenção são locais conhecidos como possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Mas, além desses espaços, uma planta também tem chamado atenção das equipes de fiscalização da prefeitura de Florianópolis por ter se tornado local proprício para a proliferação do inseto: a bromélia. 

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Segundo a gerente do Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis, Rosilani Martinelli, nos últimos três anos, as bromélias passaram a ser criadouros do Aedes aegypti e esse fenômeno se tornou um alerta para as autoridades de saúde.  

— Uns cinco anos atrás a gente não encontrava focos em bromélias, até porque a quantidade de focos era menor, então a fêmea do mosquito encontrava locais propícios para colocar os ovos dela. Como a gente está numa questão de locais já infestados, a fêmea procura outros lugares [para depositar os ovos]. De uns três anos pra cá, a gente tem notado que a quantidade de focos do mosquito da dengue em bromélias tem aumentado muito — explica Rosilani Martinelli. 

Segundo o Centro de Controle de Zoonozes, durante um mutirão de combate à dengue feito no mês de março, no bairro Córrego Grande, 30% dos focos do Aedes aegypti foram encontrados em bromélias. Por esse motivo, a orientação dada pelos agentes da prefeitura é para que os moradores substituam a planta por outra que não acumule água. 

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— A bromélia tem um tanque, um depósito de água, e esse espaço funciona como um pneu. É como se você tivesse um pneu no seu jardim ali acumulando água. Vai chovendo, vai enchendo de água e aquele pneu está ali. Por isso a nossa orientação é que o morador substitua [a planta] — afirma a gerente do Centro de Controle de Zoonoses. 

Se a bromélia não é retirada da residência, equipes da Fiscalização da Vigilância em Saúde do município são avisadas e os fiscais vão até a residência para notificar a pessoa.  

Fenômeno sem registros na literatura científica 

De acordo com o professor Luiz Carlos de Pinho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o cenário que apresenta essa frequência alta de bromélias como criadouros do Aedes aegypti é surpreendente e ainda não são encontrados registros científicos sobre esse comportamento do mosquito. 

— Não tem nada como isso publicado na literatura científica. Mas, em uma situação de infestação, [a colocação de ovos nas bromélias] faz sentido. São tantos que eles acabam aparecendo em locais que antes seria difícil que eles procurassem por ovos — afirma o professor. 

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Considerando estudos já feitos sobre a bromélia como um criadouro do mosquito da dengue, Luiz Carlos de Pinho afirma que as chances de isso ocorrer até anos atrás eram muito pequenas. 

Aedes aegypti em bromélias são raros, ou seja, você encontra em poucas bromélias e, quando os encontra nelas, eles são pouco abundantes [poucas larvas numa mesma bromélia] e com pouca chance de sobrevivência até a fase adulta, pois larvas de Aedes podem ser controladas por predadores naturais nas bromélias — contou o professor. 

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Florianópolis em situação de emergência 

Desde 12 de abril, Florianópolis está em situação de emergência por causa da dengue. Na data em que o decreto foi publicado, havia cerca de 3,5 mil focos do mosquito na cidade. 

Nesta segunda-feira (25), segundo a prefeitura, 660 pessoas estão com dengue em Florianópolis, sendo 637 casos autóctones, ou seja, contraídos na cidade. O bairro com mais casos é o Itacorubi, que tem 224 casos de dengue confirmados, seguido pela Agronômica, Corrégo Grande e Carvoeira. 

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A Capital tem hoje 3.890 focos do Aedes aegypti e 27 internações pela doença foram registradas desde o início do ano.  

SC tem 33 cidades em nível de epidemia

O úlitmo boletim da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), duvilgado na sexta-feira (22), aponta que o Estado tem 16 mortes confirmadas por dengue neste ano – aumento de 128% em relação ao ano passado inteiro. 

Além disso, 33 cidades catarinenses atingiram nível de epidemia — quando são registrados ao menos 300 casos da doença a cada 100 mil habitantes, segundo classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS). 

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