Tão trabalhoso quanto apaixonante, o ofício de produzir vinhos encontrou campo e mentes férteis em Santa Catarina. De um lado, as terras de altitude da Serra, que guardam terreno e temperatura ideias para a vitinicultura, de outro, empreendedores dedicados em investir alto para extrair o melhor do nosso terroir. Entre eles, Ernani Garcia, 52 anos, e Janaina Abreu, 42, alma e sobrenome da Abreu Garcia, de Campo Belo do Sul, vinícola que comemora uma década esse ano.
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Da segunda onda de produtores de vinho catarinense, surgidos bem depois da produção iniciada pelos imigrantes italianos no Meio-Oeste Catarinense, o casal Ernani e Janaina, engrossa a tendência de donos de vinícolas com carreiras estruturadas, mas tão envolvidos pelo universo dos vinhos que conciliam as lidas do campo com suas profissões ou mesmo abriram mão delas. No caso dele, a oftalmologia é a prioridade – Ernani é o criador do Hospital de Olhos de Florianópolis, mas no caso de Janaina, a advocacia ficou em segundo plano em função da vinícola.
– Sou filho de comerciante do interior de Biguaçu. Meu pai distribuía bebidas na região e sempre manifestei o desejo de, além da Medicina, ter alguma atividade no campo. Iniciei com a pecuária de corte, gado Hereford, e há 10 anos começamos com a vitivinicultura. Ou seja: carne nobre e vinhos finos – conta ele, orgulhoso da produção.
Hoje, Janaina é quem se envolve na rotina da vinícola, cuidando das decisões tomadas diariamente no escritório da loja que a vinícola mantém no Centro de Florianópolis. Aos finais de semana, Ernani entra em cena, constantemente indo com a esposa e os filhos, Arthur, oito anos, e Manuela, quatro, até o interior de Campo Belo do Sul, na fazenda que além de gado, ovelhas e uvas guarda também um sítio arqueológico milenar, utilizado pelos indígenas para venerar e enterrar os seus antepassados, e uma capela de pedras, cenário requisitado para casamentos.
Além do prazer de ver o vinho evoluir a cada safra, já faturando alguns prêmios, outra grande satisfação do casal é receber turistas na vinícola, preparada com um espaço charmoso para refeições. É neste ambiente, com cara e clima de sala de casa, que os visitantes são recebidos como se fossem amigos da família Abreu Garcia. Os privilegiados experimentam rótulos saídos dos vinhedos do entorno: três espumantes, três vinhos brancos, dois tintos e um rosé. Na cave, mais um espumante e outro tinto, esse um Malbec, estão em fase final, desenvolvidos com a ajuda de Jean Pierre Rosier, tarimbado enólogo bem conhecido entre as vinícolas catarinenses.
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– Uma das coisas que mais me chamou atenção nesses dez anos, foi a crescente associação do vinho com a saúde para o aumento da sobrevida. Assim, vi minhas duas principais atividades ainda mais unidas – comemora Ernani que, entre taças de Pinot, sonha com a aposentaria no campo.
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