Um rapaz de sorriso frouxo, brincalhão e apaixonado pelo surfe. Assim é descrito pelos amigos o surfista catarinense Ricardo dos Santos, nascido e criado na Guarda do Embaú, na Palhoça. Foi lá que ele deu os primeiros passos no surfe, iniciou-se nas competições, criou os mais resistentes laços de amizade e lá também que, na manhã desta segunda-feira, acabou alvejado por três tiros à queima roupa.

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– O Ricardo é apaixonado pelo local onde ele mora, e não será isso que o fará se mudar – disse Luciane Dalcema dos Santos, mãe de Ricardinho, enquanto o filho ainda passava por cirurgia.

No lado de fora do Hospital Regional de São José, amigos e familiares faziam uma corrente de oração pelo surfista, corrente essa que se espalhava por todo o país pelas redes sociais, nas mensagens de Gabriel Medina, Adriano de Souza e Filipe Toledo, e ganhava ainda mais força dentro da comunidade do surfe da Grande Florianópolis.

– Conheço o Ricardinho há 11 anos, desde que mudei para cá. Meu filho é muito amigo dele, aqui todos circulam juntos. É um bicho muito brincalhão e um dos melhores do mundo nas ondas tubulares – destacou o ex-surfista Teco Padaratz, vencedor de quatro etapas do Circuito Mundial na década de 1990.

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Um dos mentores de Ricardinho, o também ex-surfista Renan Rocha, que tem uma pousada na Guarda do Embaú e chegou a ver o jovem ser socorrido pelo helicóptero Arcanjo, acredita que o desejo de melhorar o mundo o deixou mais vulnerável por enfrentar aqueles que agiam errado.

– Ele é um cara muito verdadeiro, puro. Do tipo que quer transformar o mundo. Ele sempre estava empenhado em melhorar a Guarda, colocar como uma das melhores praias, sem sujeira, sem bandidos. Mas ele tinha que saber que não conseguiria mudar o mundo – lamenta Renan, que é comentarista de surfe na ESPN.

::: Medina se junta à corrente de mensagens por Ricardinho

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O jeito honesto e família de Ricardo fez com que ganhasse muitos pais, mães e irmãos adotivos. Um deles é Fred Leite, presidente da Federação Catarinense de Surfe.

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– É um moleque sangue bom para caramba. Como se fosse um filho para mim. Tem sorriso frouxo, é festeiro, trabalhador e gosta muito do que faz – garante Fred.

E o que ele tem feito nos últimos anos é deixar de lado o circuito profissional e ir atrás de sua maior paixão: as ondas grandes.

– Acompanho ele desde o início da carreira. Outro dia ele me disse: “esse negócio de campeonato estou abandonando, meu negócio é pegar onda grande”. Ele é um surfista de alma – conclui João Carvalho, amigo do esportista e assessor de imprensa da Liga Mundial de Surfe (antiga ASP).

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Vídeo: “Mãe do surfista fala sobre violência contra o filho: