Entre as habilidades para participar da competição de futebol da Festa do Arroz, que acontece há 20 anos no bairro Vila Nova, em Joinville, estão a de correr levantando os joelhos para o alto, chutar sem saber onde a bola realmente está e cruzar o campo de olhos fechados. Não é nada fácil e talvez seja por isso que cada vez menos jogadores estão dispostos a enfrentar os desafios do Futelama.

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Na edição que ocorreu ontem, no Recanto das Arrozeiras, para garantir que dois jogos acontecessem foi necessário misturar dois times e ainda convidar outros participantes para entrarem na brincadeira. Há cinco anos, a competição contava com mais de dez times. Assim, o Vira Copos Futebol Clube levou o primeiro lugar ao jogar contra o Flamengo na categoria masculino e dois times mistos foram formados a partir da equipe de futebol das meninas do primeiro ano do Ensino Médio da Escola Profª. Antônia Alpaides Cardoso dos Santos, do bairro Nova Brasília.

Com isso, o piauiense Gonçalo Vieira de Sousa, 38 anos, conheceu um campo de futelama pela primeira vez e viveu a experiência de ser um goleiro em um campo onde não há linhas claras no campo – que é formado por barro e água. Ele e a família mudaram para Joinville há cerca de um ano.

– Eu vim porque as meninas da escola da minha filha convidaram, mas nunca tinha visto nada assim. – contou ele, que jogou ao lado da filha, Lauenny Victoria, de 15 anos.

O organizador do evento e juiz do campeonato, o professor José Menestrina, lamenta a dificuldade de formar mais equipes para participar dos jogos. Ele relaciona a redução no número de participantes à falta de interesse da nova geração, que não vê graça em brincar na lama.

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– Os jovens tem muitas opções de lazer e isso faz com que esse tipo de diversão como o futelama se perca – afirma.

Jogador do Vira Copos FC, bicampeão do evento, Ricardo Sardagna, 24 anos, concorda com o juiz. Ele se lembra de quando começou a participar do futelama, ainda na adolescência, e que as partidas precisavam começar muito cedo na manhã de domingo para acabar antes da hora do almoço na Festa do Arroz. Segundo Ricardo, o futelama é diversão para quem cresceu na região.

– É muito mais fácil para quem trabalha na agricultura e vive o dia a dia nos arrozais. Mas agora, o time chega com medo de ganhar por W.O. – lamenta.