Belo, inteligente, radicado em Manhattan e sempre entre check-ins nas cidades mais cool do planeta. Quem não quer ser Pedro Andrade? Mas a pinta de quem parece nunca ter transpirado e nem bagunçado o cabelo, nem mesmo na infância na zona sul do Rio, engana. A chegada até a desejada posição exigiu muito suor do ex-modelo, que foi guardador de casacos, passeador de cães e carregador de gelo em Nova York.
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Mas hoje, aos 37 anos, Pedro pode dizer que está satisfeito. Dedicadíssimo e focado, ele concilia o trabalho de repórter na rede americana ABC, coapresentador do Manhattan Connection, na Globo News, e protagonista do delicioso Pedro Pelo Mundo, que segue para a segunda temporada no GNT. Depois de uma passagem rápida por Santa Catarina para o casamento do amigo e modelo Diego Miguel, Pedro conversou com a coluna. E prometeu voltar em breve. Depois do papo, ficou claro: mais dois adjetivos devem ser adicionados à já extensa lista. Ele ainda é simpático e educado.
Nesse caminho, nem tudo foi fácil. Conta um pouco da sua trajetória até chegar à televisão americana e brasileira?
Sempre tive vontade de fazer exatamente o que faço hoje. Fiz faculdade de Jornalismo, trabalhei como modelo com o intuito de viajar, me apaixonei por NY, fui bartender, passeador de cães, guardador de casacos, carregador de gelo, até que finalmente – depois de muitas portas na cara – consegui uma oportunidade como correspondente de um site pequeno no EUA. Passo a passo, me tornei apresentador, o site foi vendido para uma rede local, depois regional, depois para a NBC, virei âncora e quando meu programa estava sendo transmitido em rede nacional, nos táxis de NY e companhias aéreas americanas, fui chamado para uma entrevista no Manhattan Connection. Durante o bate-papo, Lucas Mendes disse – ao vivo – que se eu quisesse teria uma cadeira cativa no programa. Achei que ele estivesse brincando. Ao terminar a filmagem, Letícia Muhana (na época a diretora do canal) me ligou e disse que a oferta era para valer. Desde então, ancorei alguns programas na Fusion e na ABC (em rede nacional americana), fiz matérias investigativas, cobri a Copa do Mundo, fiz a cobertura do Oscar para a ABC nos últimos dois anos e hoje em dia tenho o orgulho de apresentar o Pedro pelo Mundo no GNT com uma equipe invejável (Tatiana Issa, Guto Barra e Gustavo Nasr). Ralei muito, mas a jornada valeu a pena. Não acredito em atalhos.
Muita gente por aqui não imagina que você tem uma trajetória consistente na tevê americana. Como é o seu trabalho na ABC?
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Cubro desde a epidemia de heroína entre mulheres de meia idade nos EUA, protestos pelo mundo, eleições americanas, terrorismo e entrevistas com líderes políticos, atores, artistas ou qualquer pessoa que esteja no centro de uma boa história. Muita gente acha que comecei no mercado brasileiro, no entanto, foi o oposto. A meu ver, o trabalho que desempenho no Brasil é tão importante quanto o que faço nos EUA.
Você ajudou a atrair para o Manhattan Connection um público mais jovem e antenado, trazendo um frescor ao programa. Como é dividir a bancada com nomes fortes do jornalismo brasileiro representando uma nova forma de comunicação, informal e mais direta?
Desde o início deixei claro que não tinha interesse em entrar para o time se fosse ser tratado como o “café com leite” da bancada. Este respeito mútuo é fundamental para a harmonia do programa. Admiro demais os quatro integrantes e sei o quanto aprendi no Manhattan Connection. Se todos tivessem o mesmo perfil no debate, as conversas não renderiam. É fundamental que haja uma diversidade de vivências e opiniões.
O seu livro (O Melhor Guia de Nova York, lançado em 2014 pela ed. Rocco) ficou na lista dos mais vendidos. Pensa em escrever novas versões sobre a big apple ou outras cidades?
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Sou muito exigente com tudo que faço. Nunca consegui delegar compromissos e responsabilidades. Acredito que parte do sucesso do livro seja graças à linguagem pessoal usada em cada capítulo. Por isso, não tenho interesse em contratar alguém para escrever um projeto meu. O que diferencia o meu guia de outros do gênero é o fato dele não ser convencional. Conto histórias, bato papo, descubro a cidade com o leitor. Tudo com o meu olhar, meu suor e minhas palavras. Escrever um livro requer dedicação e muito tempo – algo que não tenho hoje em dia. Morro de vontade de publicar outros projetos, no entanto, com minha agenda atual, não há a menor chance de conseguir investir a energia necessária para mais um livro. Vai rolar, só não dá para ser agora.
O que mais te apaixona na cidade? Você se vê morando em outros endereços do mundo?
Sempre digo que Nova York vivia em mim muito antes de eu viver aqui. A capital do mundo exerce um fascínio absurdo em mim desde que sou moleque. Diria que não existe lugar no mundo que atraia o tipo de gente que se muda para NY. Aqui ninguém nasce, cresce, se reproduz e morre. Todo mundo vem de algum lugar, tem um sonho, corre atrás, compartilha histórias e possui uma determinação visceral. A energia da cidade é resultado dessa equação. Tenho orgulho de ser brasileiro e contrário ao que muita gente pensa, divido meu tempo entre Manhattan, Rio de Janeiro e aviões (viajo boa parte do ano). Vou ao Brasil toda vez que pinta uma oportunidade e adoro quando tenho que remanejar minha vida por algum trabalho brazuca.
Que convite te faria trocar de país?
Alguns. Não cancelo esta possibilidade. Estou aberto a propostas ; )
O que considera um mico de viagem?
Uma viagem que te força a sair de casa, entrar num avião, chegar do outro lado do mundo para fazer exatamente o que você já faz no país de origem, com as mesmas pessoas, comendo os mesmos alimentos, mantendo os mesmos hábitos, sem se arriscar ou descobrir qualquer coisa. Para mim viagem tem que proporcionar uma saída da nossa zona de conforto. Se for para manter minha rotina, fico em casa.
Qual foi o maior perrengue que já passou fora de casa?
São tantos. Os banheiros no Mundo Árabe são “complicados”. A higiene na gastronomia asiática pode deixar a desejar e num projeto como Pedro Pelo Mundo, tudo pode dar muito errado em pouco tempo. Eu e minha equipe (Producing Partners) nos jogamos em zonas frequentemente nada seguras e temos orgulho de mergulharmos na realidade de pessoas distantes da gente. Somos quatro pessoas pelo mundo. Não temos segurança ou grandes certezas. A espontaneidade e os riscos do projeto permitem que o telespectador sinta o que eu sinto e descubra o que eu descubro.
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Na primeira temporada do programa Pedro Pelo Mundo, transmitido pelo GNT, você passou por países tão diferentes quanto Omã, Cuba e Islândia. Foi você quem selecionou os destinos e qual deles mais te surpreendeu?
É um trabalho em grupo. Sempre buscamos destinos passando por mudanças irreversíveis. Vivemos numa era de grandes mudanças então o que não falta são possibilidades para mais muitas temporadas. A honestidade é um fato crucial no programa. Não tenho obrigação de gostar de todos os pratos que experimento, nem de curtir todos os países que visito. Frequentemente as cidades que mais me causam desconforto ou estranheza acabam virando episódios mais complexos; menos óbvios. Temos muito cuidado para não cairmos em uma fórmula previsível também. Cada episódio tem um tom, uma cor, uma conclusão, um ritmo, um desfecho. Alguns focam mais nos convidados, outros são mais introspectivos, noutros eu encho a cara e me divirto… a vida é assim.
A primeira temporada acabou de ser transmitida. O programa segue? Dá para adiantar um pouquinho do que vem por aí?
Sim! As gravações da segunda temporada começam esta semana. Prefiro não falar muito sobre os planos, mas garanto que quem curtiu a primeira temporada vai AMAR a segunda.
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Como é a sua rotina em NY?
Disciplinada. Antes de dormir faço uma lista detalhada do que tenho que fazer no dia seguinte. Acordo invariavelmente às 6 e não paro de trabalhar (com pausa para meu treino de kickboxing ou musculação) até as 19h. Me permito jantar com calma e tomar pelo menos um copo de vinho toda noite. Como minha rotina envolve o debate do Manhattan, as etapas de pré e pós produção do Pedro Pelo Mundo, minhas palestras, campanhas, trabalhos publicitários, apresentação de eventos, meu trabalho em rede nacional nos EUA, o consumo obrigatório e constante de notícias e atividade em redes sociais (@pedroandradetv), fica difícil arrumar tempo para muita coisa que não envolva o aspecto profissional da minha vida. Que bom que amo o que faço.
Nas suas viagens pessoais, que tipo de destinos você busca?
São raríssimas. Ficar em casa é um privilégio para mim. A última viagem pessoal que fiz foi para a Costa Amalfitana. Um verdadeiro sonho de viagem. Há anos quero ir a Provence… Quem sabe? Acima de tudo busco destinos que me permitam relaxar – tenho esta grande dificuldade.
Você continua com o corpo de modelo. Como o mantém?
Sou absolutamente viciado em kickboxing. Pratiquei por alguns anos e acabei me machucando, no entanto, encontrei um professor espetacular em NY chamado Anderson Hickmann que virou um vício meu… Além de me manter em forma, se tornou um superamigo. Como durante minhas viagens e gravações não faço dieta alguma, procuro manter uma alimentação saudável no dia a dia. Para isso, minha personal e nutricionista Dalila Kindermann elabora rotinas (sem grandes sacrifícios) quando não estou do outro lado do mundo comendo barata frita ou tubarão podre.
Pedro Pelo mundo
Um bairro especial: Gávea (RJ)
Café da manhã matador: pão francês com ovo e café forte com uma gota de leite
Bar da moda: Top of the Standard (NY)
Drinque desse verão: caipiroska de lima da pérsia sem açúcar nem adoçante ou martini de vodka com uma azeitona.
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Um jantar inesquecível: Gero com Rogerio Fasano
Programa que mais curte: a refeição certa com a pessoa certa no momento certo.