Brilho da medalha de ouro que ilumina as ideias. O velejador Matheus Dellagnelo, de Florianópolis, voltou diferente do Pan 2019, disputado em Lima. Não foi o peso na bagagem pelo título pan-americano na classe sunfish. O atleta retornou para a capital de Santa Catarina cheio de planos. Vai continuar na vela para ser um grande nome da modalidade, mas não será sobre as águas.

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O ouro pan-americano, o segundo da carreira, não vai fazê-lo correr atrás de vaga nas Olimpíadas de 2020, em Tóquio – teria deixar a classe sunfish e buscar índice em outra. A participação na maior competição mundial terá de ocorrer de forma indireta para o velejador do Iate Clube de Santa Catarina. Os dias, as regatas, as emoções e as alegrias vividas na Baía de Paracas fizeram com que Dellagnelo pensasse em contribuir para que a vela seja mais acessível principalmente para quem não é velejador.

– A vela é uma bolha, um esporte elitizado que não permite o público se aproximar. Há dificuldade de mostrar o que acontece, de como chegar e de ter ídolos, porque não somos acessíveis. No próprio Pan isso aconteceu. Teve brasileiro que foi de Lima a Paracas (250km) e não teve como assistir. É um problema no Brasil também. É o esporte que tem que se adaptar. Gostaria de ajudar com eventos diferentes, na Lagoa (da Conceição), na Beira-Mar, que permita que o público assista, em um formato em que as pessoas possam acompanhar e entender, que tenha transmissão – explica o medalhista de ouro nos Pans 2019 e 2011, em Guadalajara, no México.

Envolvido com a empresa fundada por ele há dois anos, especialista em ciência de dados – um dos motivos para não iniciar uma corrida por vagas nas Olimpíadas – Dellagnelo também pretende aliar os negócios ao esporte. Quer usar a tecnologia em prol da vela e outras modalidades, melhorar o trabalho em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Mesmo sem plano para estar em Tóquio no ano que vem, segue na vela, O brilho da medalha de ouro deixou claro que Matheus Dellagnelo vai continuar a disputar competições. Já tem marcado no calendário a participação no Sul-Brasileiro de laser que acontece em novembro, em Florianópolis, e outras competições locais. Ainda, quer ajudar na formação de novos velejadores, não descarta atuar como técnico de jovens, algo que já fez no iatismo.

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– O Pan deixou claro o quanto eu gosto da vela. Não tenho condição ou vontade de estar nos Jogos Olímpicos, mas tenho vontade e condição de ajudar o esporte e é isso que eu gostaria de fazer – ratifica.

Matheus Dellagnelo comemora o ouro em águas peruanas
Matheus Dellagnelo comemora o ouro em águas peruanas (Foto: Guillermo Arias / Lima 2019)

O próximo Pan está previsto para o segundo semestre de 2023, em Santiago, no Chile. Seja na sunfish ou em outra classe, Dellagnelo espera representar o Brasil e Santa Catarina novamente. Tanto que chegou a fazer uma espécie de pacto antes de voltar para Florianópolis e ao papel de CEO da empresa de ciência de dados.

– Vou continuar velejando, quero ir para o próximo Pan. Não com campanha olímpica, não vou fazer. Em classes como snipe e sunfish, que estão no Pan e que posso brigar, tenho interesse. Inclusive cheguei a combinar com o Cláudio (Bieckark, velejador de 68 anos, na classe lightning), que tem 10 medalhas pan-americanas, para estarmos juntos novamente no Chile. Ele vai estar com 72 anos e eu com 34. Vai ser legal.

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