Quando os irmãos Matheus e Miguel Carreira, cinco e quatro anos, respectivamente, colocam os olhos no mesmo brinquedo, a confusão é iminente. Um conflito que se intensifica nos verões, durante as férias escolares, exigindo paciência e muito diálogo dos pais.
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Moradores de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, os meninos ficam mais tempo juntos com o término das aulas. Irmãos pelo lado paterno, ao longo do ano a convivência se concentra em fins de semana, já que Matheus mora com a mãe, enquanto Miguel e o irmão Otávio, sete meses, vivem com o pai Eduardo Gil da Silva Carreira, e a mãe, Priscila Peres Moreira.
– É normal eles discutirem pelo mesmo brinquedo ou quando um quer jogar futebol e outro ficar no computador. Chamar atenção dos adultos também dá confusão – revela o pai.
Brigas entre irmãos são normais na maioria das famílias, já que envolvem ciúmes e disputas pela atenção dos pais. Elas iniciam os pequenos nas relações sociais, como explica a psicoterapeuta infantil Nadia Maria Marques, professora de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
– Em geral, as brigas são saudáveis, ensinam a lidar com rivalidade, com perdas e ganhos, ensinam a compartilhar. É entre irmãos que se aprende a lidar com as diferenças – afirma.
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Crianças pequenas e da mesma faixa etária, como no caso de Matheus e Miguel, vivem uma fase narcisista, em que, se um dos irmãos recebe um elogio e o outro não, pode haver confusão. Já entre pares com diferenças de idade maiores é normal que o mais novo implique ou queira fazer os mesmos programas do mais velho.
Apesar do caráter pedagógico das brigas, as desavenças precisam ser monitoradas pelos pais. Quando se tornam diárias, resultando em agressões físicas, podem indicar o que os psiquiatras chamam de transtorno de rivalidade entre irmãos.
– As brigas deixam de ser episódicas, envolvem agressões físicas, um irmão coloca o outro em situação de risco, desqualifica-o verbalmente, como se fosse um bullying dentro de casa. Nesses casos, é preciso buscar orientação profissional – explica Alceu Gomes Correia Filho, mestre em Psiquiatria especializado em crianças e adolescentes.
Pais mediadores
Para ajudar a resolver as divergências, paciência e diálogo são boas ferramentas para os pais, que devem assumir o papel de mediadores, incentivando que os filhos encontrem saídas para o conflito. Outro ponto é evitar comparações e derrubar o mito do tratamento igual.
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– Tratamento justo é um tratamento diferenciado. Varia conforme a idade e as características das crianças. É preciso entender as diferenças para estimular uma boa convivência – diz o psiquiatra Alceu Gomes Correia Filho.
Neste período de férias escolares, deixar que os baixinhos brinquem em turmas diferentes, conforme a faixa etária, ajuda a aliviar a tensão gerada pela convivência mais intensa. Realizar programas divertidos em família é outra dica dos especialistas.
– Reunir pai, mãe e irmãos em atividades prazerosas e lúdicas ameniza as tensões – ensina a psicóloga Nadia Maria Marques.
Raíz da discórdia
Os motivos mais frequentes de brigas entre irmãos:
– Chamar atenção dos pais
– Implicâncias
– Querer o mesmo brinquedo