Com referendo marcado para quinta-feira, a eventual saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) poderá ser um complicador para as negociações do acordo do Mercosul com o bloco europeu, segundo avaliações feitas no Ministério das Relações Exteriores. Isso porque os britânicos têm sido aliados do Brasil quando se discute a abertura do mercado agrícola.

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— O Reino Unido é um dos maiores apoiadores de um acordo amplo e tem atuado firmemente para a inclusão do setor agrícola — disse um diplomata.

— Eles têm sido um pilar importante — completou.

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Por isso, há uma “torcida discreta” pela permanência, que também se justifica porque a saída da Grã-Bretanha poderá desestabilizar a União Europeia e atrasar o processo de recuperação econômica que só começou a dar os primeiros passos em mercados importantes para o Brasil, como Espanha e Portugal. Os britânicos são a terceira maior população do bloco e respondem por 15% de seu Produto Interno Bruto (PIB).

As consequências da separação, porém, são mais amplas do que os potenciais efeitos sobre o Brasil. Hoje, a Grã-Bretanha integra um tripé, junto com a Alemanha e a França, na sustentação do bloco. Sua eventual saída provocaria um realinhamento de forças.

Além disso, poderia haver um “efeito cascata”, com a saída de outros países do bloco europeu. A crise dos refugiados tem dado força a grupos nacionalistas e xenófobos.

Do ponto de vista econômico, a saída do Reino Unido deixaria a Alemanha sem seu principal aliado nas discussões sobre propostas voltadas para a produtividade. Eles têm trabalhado juntos para refrear propostas na linha estatizante.

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