Os últimos trabalhos de diversos artistas brasileiros, como Ferrugem e Marília Mendonça, estão no formato ao vivo. E dados do Spotify reforçam a percepção de que muitos cantores e bandas estão apostando mais no formato.

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Segundo levantamento da Folha de S.Paulo, entre 51 países analisados, o Brasil é o que mais ouve música ao vivo. Usando o algoritmo da plataforma, quase 7% das músicas brasileiras no Top 200 são ao vivo. O segundo lugar é o México, com 1,5%, sendo que a média no resto do mundo é 0,5%.

Se, em vez do algoritmo, for feita uma busca pelo termo "ao vivo" no Top 200 do Spotify, o número sobe para 30% das faixas no Brasil.

"A versão ao vivo costuma transmitir a atmosfera do show. Durante anos, o Brasil foi um dos poucos e maiores mercados na venda de DVDs. O brasileiro, historicamente, aprecia levar o show para sua casa", analisa Renê Lavradas Júnior, diretor artístico da Sony.

Ao longo dos anos 2000, os DVDs foram parte importante do consumo de música. A mídia ficou tão consagrada que até hoje é comum chamar de DVD qualquer registro em vídeo de show –mesmo que ele nem seja lançado no formato.

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Mudanças na divulgação

É no YouTube que os artistas divulgam os vídeos atualmente. "Com a queda e o 'fim' das mídias físicas, surgiram também novos players para o consumidor ter acesso a vídeos longos", diz Lavradas Júnior. Ele se refere a outros serviços de streaming. Luan Santana, por exemplo, lançou seu disco-filme "Viva" com exclusividade no Globoplay, plataforma sob demanda da Globo.

Segundo o levantamento, 24% das faixas sertanejas entre as mais tocadas do Spotify são ao vivo. O número cai para 2,5% em músicas de outros gêneros. No sertanejo, diz Ferraz, o recurso é tão estabelecido que muitas gravações são, na verdade, feitas em estúdio.

"Hoje é comum, por uma questão de praticidade", conta. "A captação de instrumentos ao vivo requer maior cuidado, dá muito trabalho. É muito mais barato gravar no estúdio e, com as ferramentas de mixagem que temos hoje, facilmente dá para soar como ao vivo."

Só bateria, baixo e voz costumam ser gravados em shows. Musicalmente, o diferencial do ao vivo acaba sendo a captação do ambiente, que faz a música soar mais épica e grandiosa do que em estúdio.

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"A música soa maior por causa do reverb [eco] natural e outros efeitos adicionados na mixagem" diz Ferraz. "A emoção é maior quando você escuta o som do público."

Segundo Lavradas Júnior, há ainda a vontade de explorar o amplo mercado brasileiro de shows, que é maior no sertanejo. Lançar um single ou disco ao vivo acaba funcionando como promoção do show e pode ser uma nova aposta de diferentes gêneros.

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