Os brasileiros que estão presos na Faixa de Gaza esperando autorização para deixar a região do conflito com Israel relataram à Agência Brasil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que sofrem com falta d´água, comida, energia e medicamentos, além de presenciarem frequentes bombardeios, explosões e mortes. Eles aguardam a abertura da fronteira com o Egito para serem repatriados.
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Diante do cenário, 32 brasileiros receberam recursos financeiros nesta quarta (25) e quinta-feira (26) para comprar alimentos, água e materiais de primeira necessidade. O dinheiro foi transferido pelo governo brasileiro por meio do Escritório da Representação do Brasil em Ramala, na Cisjordânia.
— Todas as famílias receberam recursos e estão comprando nos mercados locais. Como não há energia para a geladeira, produtos perecíveis não podem ser estocados — informou o embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, à Agência Brasil.
A brasileira Shahed al-Banna, que está na cidade de Rafah, comprou “farinha, óleo, azeite, verduras, queijos e shampoo” com a verba fornecida.
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Entidades de ajuda humanitária que trabalham na Faixa de Gaza têm alertado que a quantidade de mantimentos que entram no enclave palestino não é suficiente para atender a população.
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Segundo o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), os cerca de 20 caminhões com ajuda humanitária que estão entrando em Gaza diariamente representam “cerca de 4% do volume médio diário de mercadorias que entravam em Gaza antes das hostilidades”.
— Esses recursos não valem nada se você não está achando para comprar. Comida, estamos fazendo enlatados e conservados, lata de atum, de carne e mortadela enlatada. Mesmo assim, farinha de trigo e pão a gente não encontra — relata Hasan Rabee, palestino naturalizado brasileiro que vive em São Paulo e foi à Gaza com as duas filhas e a esposa para visitar a família, poucos dias antes do início do conflito.
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Diversas famílias brasileiras estão em casas alugadas pela representação do Brasil, na proximidade da fronteira com o Egito, recebendo assistência emergencial.
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Constantes bombardeios na região
Enquanto fazia compras na manhã desta quinta-feira (26), Hasan Rabee presenciou uma bomba caindo próxima ao mercado da cidade Khan Yunis, ao sul da Faixa de Gaza (veja vídeo abaixo).
— Não dá para sair de casa. Tem que parar isso, pelo amor de Deus. É arriscado pra caramba sair. Estou aqui na feira comprando coisas e a bomba cai do lado da feira. Absurdo — lamenta sobre o ocorrido.
A família de Hasan Rabee também está há três dias sem gás de cozinha e passa por dificuldades para encontrar água potável, alimentos e outros recursos.
— Água mineral a gente não tem, porque você não acha. Antigamente, 500 litros (de água potável) eram 10 shekels, hoje 500 litros são 100 shekels, mas você não acha nunca. Não tem energia para filtrar essa água. Fruta é muito difícil achar na feira. A única coisa que a gente acha bastante é o pepino, o resto você não acha fácil não — disse.
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