Brasileiros buscam quebrar hegemonia queniana na São Silvestre

Para fazer a festa em casa, os brasileiros precisam barrar os quenianos na prova da São Silvestre, nesta sexta-feira. A 86ª da Corrida Internacional de São Silvestre será realizada pelas ruas e avenidas de São Paulo, com a participação de 21 mil atletas de 14 países. As Elites Masculina e Feminina terão 142 corredores, sendo 27 estrangeiros. A largada da prova feminina será às 16h30 e a masculina às 16h47. Ambas as disputas terão a distância de 15 quilômetros e serão transmitidas ao vivo pelas TVs Globo, Globo Internacional e Gazeta. Os cadeirantes sairão às 14h45 e os demais deficientes às 14h50.

Os corredores do Brasil dizem estar preparados para quebrar a hegemonia estrangeira, principalmente dos atletas do Quênia, e os africanos vêm novamente com um grupo forte. Desde 2006, quando o mineiro Franck Caldeira cruzou a linha de chegada em primeiro lugar, o Brasil não tem um representante no degrau mais alto do pódio.

– Sem desmerecer os africanos, quero fazer uma prova inteligente junto com os demais corredores do Brasil – afirmou o atleta do Cruzeiro.

O time brasileiro tem um reforço importante este ano: Marílson dos Santos, que tenta o tricampeonato. O principal fundista do Brasil, campeão em 2003 e 2005, não participa da São Silvestre há quatro anos.

– Tenho a expectativa de fazer uma boa corrida, apesar de saber que esta será uma das provas mais fortes dos últimos anos, com a presença de estrangeiros muito rápidos – contou o recordista sul-americano dos 5.000 m e dos 10.000 m em pista, da meia-maratona, e bicampeão da Maratona de Nova York (2006 e 2008).

Outros atletas do país com chances de vitória são o alagoano Damião Ancelmo de Souza (este ano, disputou 18 provas de rua e chegou ao pódio em todas, com 11 vitórias), e o brasiliense Clodoaldo Gomes da Silva (segundo colocado na São Silvestre de 2006 e o melhor do Brasil – 8º – na edição do ano passado). Vale citar também o baiano Giomar Pereira da Silva, tricampeão do Ranking Caixa/CBAt de Corredores de Rua.

– A cada ano venho melhorando meus resultados, sempre buscando meu espaço no atletismo. Vou tentar fazer uma boa prova e, como brasileiro, brigar para conquistar um bom resultado – afirmou Damião.

Em 2008 e em 2009, o queniano James Kwambai foi o vencedor e tenta o tricampeonato; em 2007 ganhou o compatriota Robert Cheruyiot, que este ano não participa da prova.

– Estou bem preparado, mas não dá para dizer que vou vencer de novo, pois a prova tem muitos bons atletas este ano – declarou o queniano, quinto colocado na Maratona de Nova York, em novembro.

Ele terá outros atletas vindos de países da África como fortes adversários. Nesta lista estão os marroquinos Mohamed El Hachimi e Abderrahime Bouramdane, o tanzaniano Marco Joseph, o etíope Endale Tekileab, e os quenianos Barnabas Kiplagat Kosgei, Mark Korir e Mathew Kiptoo Cheboi, que treinam e competem no Brasil desde novembro.

Mulheres

Da mesma forma que os homens, as atletas do Brasil também tentam quebrar a hegemonia africana de três anos na prova Feminina da São Silvestre, que teve as vitórias das quenianas Pasalia Chepkorir, em 2009, e Alice Timbilili, em 2007, e da etíope Yimer Wude Ayalew, em 2008. O ano de 2006 foi marcado pelo título da mineira Lucélia Peres, que este ano recupera-se de lesão.

Alice Timbilili é a única das últimas campeãs com presença confirmada em 2010.

– Treinei forte para este ano e acredito que estou melhor preparada do que em 2007, quando venci. Não me considero favorita, como andam dizendo, porque tenho o melhor tempo do ano dos 15km. Terei adversárias fortes pela frente – afirmou a atleta do Quênia, que marcou 48min15s em uma prova de 15km – mesma distância da São Silvestre – em Nova York (EUA).

Outras estrangeiras favoritas são as também quenianas Eunice Kirwa, bicampeã da Meia Maratona do Rio, e Bornes Jepkirui Kitur, vencedora da Volta da Pampulha.

A força brasileira será encabeçada pela alagoana Marily dos Santos, (melhor brasileira – 3ª colocada – na edição de 2009 e vencedora da Maratona do Recife 2010), pela pernambucana Fabiane Cristine da Silva (vice-campeã da São Silvestre 2008) e pela goiana Marizete Rezende (campeã da São Silvestre em 2002 e vice-campeã em 2007).

– As africanas não são imbatíveis. Nas últimas semanas, me foquei nos treinamentos pensando na São Silvestre e em brigar em igualdade de condições com as demais adversárias – disse Marily.

Outras representantes do Brasil, com boas chances de pódio, são as piauienses Conceição de Maria Oliveira (vice-campeã na Maratona de Porto Alegre e na do Rio de Janeiro) e Cruz Nonata (primeira colocada do 10km-Rio, do 10km Brasil e do 10km da Virada Esportiva), além da baiana Edielza Alves Guimarães (campeã do Ranking Nacional CAIXA/CBAt 2010 e vice-campeã da Volta da Pampulha).

– Sei que não será nada fácil, mas espero que dê tudo certo para mim e eu consiga um ótimo resultado – avisou a representante da Bahia. A campeã de 2001, Maria Zeferina Baldaia, também desistiu depois de sentir uma contusão durante um treino.

Campeões da São Silvestre desde que a prova passou a ter 15km

2009 – James Kwambai (QUE) – 44min40s

2008 – James Kwambai (QUE) – 44min42s

2007 – Robert Cheruyiot (QUE) – 45min54s

2006 – Franck Caldeira (BRA) – 44min06

2005 – Marilson Gomes (BRA) – 44min21s

2004 – Robert Cheruyiot (QUE) – 44min43s

2003 – Marilson Gomes (BRA) – 43min45s

2002 – Robert Cheruyiot (QUE) – 44min59s

2001 – Tesfaye Ragassa (ETI) – 44min15s

2000 – Paul Tergat (QUE) – 43min57s

1999 – Paul Tergat (QUE) – 44min35s

1998 – Paul Tergat (QUE) – 44min47s

1997 – Emerson Izer Bem (BRA) – 44min40s

1996 – Paul Tergat (QUE) – 43min50s

1995 – Paul Tergat (QUE) – 43min12s – recorde da prova

1994 – Ronaldo da Costa (BRA) – 44min11s

1993 – Simon Chemwoyo (QUE) – 43min20s

1992 – Simon Chemwoyo (QUE) – 44min08s

1991 – Arturo Barrios (MEX) – 44min04s

Campeãs – prova de 15km

2009 – Pasalia Kipcoech Chepkorir (QUE) – 52min30s

2008 – Yimer Wude Ayalew (ETI) – 51min37s

2007 – Alice Timbilili (QUE) – 53min07s

2006 – Lucília Peres (BRA) – 51min24s

2005 – Olivera Jevtic (Sérvia e Montenegro) – 51min38s

2004 – Lydia Cheromei (QUE) – 53min01s

2003 – Margaret Okayo (QUE) – 51min24s

2002 – Marizete de Paula Rezende (BRA) – 54min02s

2001 – Maria Zeferina Baldaia (BRA) – 52min12s

2000 – Lydia Cheromei (QUE) – 50min33s

1999 – Lydia Cheromei (QUE) – 51min29s

1998 – Olivera Jevtic (Iugoslávia) – 51min35s

1997 – Martha Thenório – Equador (52min04s)

1996 – Roseli Machado (BRA) – 52min32s

1995 – Carmem Oliveira (BRA) – 50min53s

1994 – Derartu Tulu (ETI) – 51min17s

1993 – Hellen Kimayio (QUE) – 50min26s – recorde da prova

1992 – Maria Del Carmen Diaz (MEX) – 54min00s

1991 – Maria Del Carmen Diaz (MEX) – 54min02s