As duas brasileiras sequestradas na Península do Sinai, no Egito, foram libertadas por beduínos na noite deste domingo. Zélia Magalhães, 40 anos, e Sara Lima, 18 anos, foram entregues por volta das 20h10min (horário brasileiro), depois de 11 horas em poder dos rebeldes. As informações são de familiares das vítimas e do Ministério de Relações Exteriores brasileiro (Itamaraty).

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A dupla fazia parte de uma excursão de caráter religioso da igreja evangélica Avivamento da Fé. O sequestro deste domingo foi efetuado por beduínos no caminho do mosteiro de Santa Catarina, na Península do Sinai, o que constitui o terceiro incidente deste tipo nesta região desde o início de fevereiro.

Autoridades egípcias, em conjunto com o Itamaraty, negociaram durante toda a tarde para garantir a libertação das duas turistas brasileiras. Conforme familiares, elas foram libertadas sem que o governo daquele país cumprisse as exigências dos rebeldes.

Sara é filha do pastor presidente da igreja, Dejair Batista Silvério, e da missionária Marli Silvério, que comandavam aquela que seria a terceira viagem da Avivamento da Fé para a região.

Conforme a embaixada brasileira no Cairo, o grupo era formado por 45 turistas. O ônibus em que estavam foi parado pelos beduínos e três pessoas foram levadas: o guia egípcio, e as duas brasileiras. Os demais brasileiros estão em segurança, sob a guarda da polícia egípcia.

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A multiplicação da violência a impotência do poder central em estabelecer sua autoridade na região, um ano após a queda do ditador Hosni Mubarak. O Egito conta com o turismo nesta península para ter dinheiro em caixa.

As autoridades “dizem que o Sinai é egípcio, mas não acho que elas acreditem nisto realmente”, afirma o militante beduíno dos direitos humanos Yahya Abou Nasira, que ficou preso durante 30 meses durante a era Mubarak. Elas “duvidam sempre de nossa lealdade”.

Para Mohammed Fadel Shosha, ex-governador da região, a violência não cessaria senão com o desenvolvimento. As infraestruturas e o desenvolvimento agrícola, no entanto, são difíceis e caros nesta região. A construção de novos canais de irrigação e a instalação de bombas para levar água às zonas montanhosas – ambos vitais para o Sinai -, custariam mais de US$ 400 milhões.

Apesar das promessas das autoridades militares de desenvolver a região, “nada aconteceu desde a revolução. A situação até se deteriorou. O Sinai é um navio sem capitão”, lamenta Abu Nasira.

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No último ano, o Sinai virou um grande problema de segurança para a junta militar que governa o Egito. Explosões no gasoduto que serve Israel e Jordânia tornaram-se rotina, numa área vasta e mal policiada.

Os beduínos há muito se queixam de discriminação por parte do governo, e a queda de Mubarak criou um vácuo de poder que eles usaram para aumentar a pressão.

Na semana passada dezenas de beduínos armados cercaram durante seis dias uma base da Força Multinacional de Observadores, contingente criado em 1979 pelo acordo de paz entre Egito e Israel. O cerco terminou após negociações com a polícia e o exército.

* Com informações de agências.

Veja onde foi o sequestro:

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