Levantamento divulgado nesta quinta-feira, 10, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), mostra que 11% de todos os homicídios registrados no mundo ocorrem no Brasil. Somente em 2012, foram 50.180 assassinatos no país.
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O Relatório Global sobre Homicídios 2013 traz ainda o perfil das vítimas e dos autores, as motivações da violência, e o meio utilizado para tirar a vida de 437 mil pessoas em todo o mundo no período de um ano. As estatísticas levantadas nos países mostram que cerca de 80% das vítimas de homicídio e 95% dos autores desse crime são homens. E mais da metade das vítimas de homicídios têm menos de 30 anos de idade, com crianças menores de 15 anos de idade representando pouco mais de 8% de todos os homicídios.
Mas os números reforçam um dado alarmante e já conhecido sobre o principal fator de violência contra a mulher: cerca de 15% de todos os homicídios resultam de violência doméstica (63,6 mil) e, desse total, a grande maioria – quase 70% – de vítimas mortais de violência doméstica são mulheres (43,6 mil).
– A casa pode ser o lugar mais perigoso para a mulher. É de partir o coração quando aqueles que deveriam estar protegendo seus entes queridos são as pessoas responsáveis por seu assassinato – afirmou o diretor de Análise de Políticas e Assuntos Públicos do Unodc, Jean-Luc Lemahieu, durante o lançamento do relatório, ocorrido nesta quinta-feira, em Londres.
A taxa média global de homicídios é de 6,2 por 100 mil habitantes, mas há lugares que chegam a registrar mais de quatro vezes esse número. Os países com as maiores taxas de homicídio são Colômbia, Venezuela, Guatemala e África do Sul, que registraram mais de 30 ocorrências para cada 100 mil habitantes. O Brasil (25 homicídios para cada 100 mil habitantes) integra o rol do segundo grupo de países mais violentos, índice semelhante ao verificado em países como o México, a Nigéria e o Congo.
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O relatório também mostra diferenças entre os continentes quanto às motivações e aos métodos utilizados nos homicídios. Os casos ligados a gangues e grupos criminosos organizados representam 30% de todos os homicídios na América, em comparação com menos de 1% na Ásia, Europa e Oceania. Os assassinatos por arma de fogo são mais frequentes na América (66%) do que em qualquer outra parte do mundo, seguido por Ásia e África (28%), Europa (13%) e Oceania (10%).
Especificamente com relação ao Brasil, o estudo aponta um declínio, nos últimos dois anos, nas taxas de homicídio nos estados do Rio de Janeiro (29%) e São Paulo (11%), e um aumento substancial nas regiões norte e nordeste do país, especialmente na Paraíba (150%) e Bahia (75%).
O documento destaca as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPS) como fator determinante na redução das taxas de homicídio em quase 80% no Rio de Janeiro, entre 2008 e 2012. Em novembro de 2013, o estudo contabilizou 34 UPPs em operação em 226 comunidades.
O documento traz ainda uma análise detalhada sobre as diversas faces dos homicídios dolosos, tenham sido eles motivados por ações criminosas, interpessoais e sociopolíticas, e aborda as armas utilizadas nos crimes e a influência da impunidade e da eficácia do sistema criminal de justiça na resolução destes assassinatos.
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– O Unodc vem trabalhando com o objetivo de oferecer uma referência mundial para os estudos na área de homicídio, o compartilhamento de técnicas de análises com especialistas e acordos de cooperação com os estados para o controle da criminalidade – afirma Rafael Franzini, representante do Escritório do UNODC no Brasil e Cone Sul.