Há quem acredite que a perda de memória, incontinência urinária e falta de equilíbrio são sintomas decorrentes da terceira idade. Mas por outro lado esses sintomas podem ser um tipo de demência chamado de hidrocefalia de pressão normal (HPN). A doença é mais frequente em pessoas com mais de 60 anos, devido a um distúrbio da circulação líquor (líquido cefalorraquidiano), que protege e irriga o sistema nervoso central.

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Esse líquido circula por dois compartimentos pelos ventrículos e canais ao redor do cérebro. Quando um desses canais entope, o líquido se acumula, causando a hidrocefalia. Dessa forma, o cérebro para de funcionar adequadamente, porque o líquido não é reabsorvido corretamente pelo organismo.

A boa notícia é que quando tratada precocemente, a HPN tem boas chances de cura. Segundo o neurocirurgião do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Maurício Mandel, o excesso do líquor atinge áreas importantes do cérebro como lobos frontais e fibras de conexão.

– Quando há alteração na circulação do líquor, seja por causa de tumor, derrame, meningite, trauma de crânio, o líquido pode passar a ser pressionado dentro dos ventrículos. O cérebro comprime de dentro para fora, desencadeando alterações no funcionamento e manifestações neurológicas – afirma.

É importante suspeitar da doença quando o idoso apresenta pelo menos dois dos sintomas: alteração da marcha ou comprometimento da memória.

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– O paciente começa se queixar das quedas que se tornam cada vez mais frequentes, e logo em seguida reclama da perda de memória e depois por perder o controle da urina – ressalta o médico.

Atenção redobrada aos sintomas

O neurocirurgião alerta ainda que é preciso ficar atento aos sintomas para não confundi-los com outras doenças.

– Esses sintomas são parecidos com o diagnóstico de doenças degenerativas da coluna vertebral, Alzheimer ou artrose, que podem dificultar na hora de diagnosticar a hidrocefalia – disse.

Estudos epidemiológicos revelam que o Brasil registrará cerca de 11 mil novos casos por ano, devido ao crescimento da população idosa no país.

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– Quanto mais cedo o paciente for diagnostico, melhor será o resultado do tratamento – indica o neurocirurgião.

O diagnóstico da doença é realizado por meio de uma avaliação clínica e exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Tratamento

Quando o paciente tem hidrocefalia a circulação do sangue no cérebro é prejudicada. Para o médico, a melhor opção é fazer uma incisão no cérebro e inserir um tubo para retirar o líquido para fora do corpo. Esse procedimento é conhecido como Derivação Ventricular Externa.

– Em alguns casos, o neurocirurgião pode optar em escoar o líquido para a barriga. O nome da cirurgia é chamada de Derivação Ventrículo-Peritoneal. Um tubo é conectado a uma válvula que regula a pressão do escoamento do líquido. E o tubo desce com o líquor até a região abdominal – esclarece o Mandel.

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O paciente ainda tem a alternativa DPV que é uma cirurgia minimamente invasiva.

– É possível criar outro caminho para a saída do líquor. Uma das vantagens desse procedimento é que não é necessário implantar nenhuma prótese, porém, essa cirurgia não é indicada para todos os pacientes – conclui o médico.