O fluxo cambial em dezembro, até o dia 19, ficou negativo em US$ 4,098 bilhões, de acordo com dados divulgados hoje pelo Banco Central. O saldo verificado neste mês resulta de um superávit comercial de US$ 29 milhões e de um fluxo financeiro negativo em US$ 4,127 bilhões. Em dezembro do ano anterior, o fluxo comercial teve superávit de US$ 3,631 bilhões e o financeiro, de US$ 2,141 bilhões.

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O número representa a diferença entre os dólares que entraram e saíram do país no período. O saldo acumulado no ano é positivo, em US$ 1,292 bilhão, mas representa uma perda expressiva em relação ao de 2007, quando o saldo foi de US$ 87,830 bilhões. A queda é de US$ 86,538 bilhões.

O fluxo comercial em 2008 está em positivo em US$ 48,049 bilhões, resultado de exportações de US$ 185,087 bilhões e importações de US$ 137,039 bilhões. O segmento financeiro acumula neste ano até a última sexta-feira déficit de US$ 46,757 bilhões, ante saldo positivo de US$ 10,729 bilhões em 2007.

Formação das reservas

Foi justamente por conta da forte entrada de divisas nos últimos anos que o Banco Central conseguiu comprar dólares para formar as reservas internacionais brasileiras, atualmente acima de US$ 200 bilhões.

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Mesmo com as compras de dólares realizadas pelo BC nos últimos anos, a cotação da moeda norte-americana chegou a ser negociada abaixo de R$ 1,60. Atualmente, após a piora da crise financeira, oscila ao redor de R$ 2,40 por dólar.

Razões para a reversão

A explicação para a forte reversão de mais de US$ 86 bilhões de um ano para o outro (US$ 87,4 bilhões de entrada 2007 menos US$ 1,29 bilhão do ingresso deste ano) está no aumento do volume de remessas de lucros e dividendos ao exterior, à deterioração da balança comercial – que passou a apresentar resultados mais modestos – e, recentemente, à crise financeira internacional.

Dados do BC mostram que as remessas de lucros e dividendos ao exterior somaram US$ 30,7 bilhões de janeiro a novembro de 2008. Para todo este ano, a expectativa é que totalizem US$ 33,7 bilhões, contra US$ 22,4 bilhões em todo o ano de 2007. O aumento de remessas se deve à maior lucratividade das empresas instaladas no país em 2008, aliado à uma taxa de câmbio favorável (chegou a ser negociada abaixo de R$ 1,60 até setembro) à estas operações.

Crise financeira

A crise financeira internacional também contribuiu para a piora no fluxo de divisas para o Brasil neste ano. Após o seu agravamento, em meados de setembro, com o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, mais de US$ 20 bilhões deixaram o país pela conta financeira (que contabiliza os contratos de câmbio que não têm relação com a balança comercial).

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Alguns investidores retiraram recursos do Brasil para cobrir prejuízos em outros países, mas também há aqueles que buscaram aplicar em títulos de países mais desenvolvidos – considerados mais seguros.

Entenda a crise: