O governo Lula (PT) anunciou, neste domingo (8), que levará seis aviões ao Oriente Médio para repatriar brasileiros que queiram voltar ao país natal após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ter declarado guerra ao Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza. A Força Aérea Brasileira (FAB) prevê fechar a lista de resgate nesta segunda (9) e realizar a operação de volta ao Brasil até terça (10).

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— Nós somos quiçá um dos primeiros países a fazer esse tipo de operação lá na região — declarou o comandante da FAB, o tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, para jornalistas.

O resgate será feito por duas aeronaves KC-30, com capacidade entre 220 e 230 passageiros, duas KC-390, que carregam em torno de 80 pessoas, e duas VC-2, cedidas pela Presidência da República, que podem levar entre 38 e 40 passageiros. Ou seja, poderão ser até 700 repatriados.

Uma das aeronaves KC-30 já está em Natal (RN) pronta para decolar ainda neste domingo para Roma, na Itália. De lá, o avião partirá para Tel Aviv, capital de Israel, e para outras localidades do Oriente Médio.

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— A ideia é que a aeronave fique na Itália, aguardando as nossas coordenações finais. Não sabemos ainda se essa primeira decolagem será amanhã ou na terça-feira, dependendo da montagem dessa lista de passageiros que desejam voltar ao Brasil nessa missão de repatriação — completou Damasceno

O anúncio do chefe de FAB veio após uma reunião dele no Palácio do Itamaraty, em Brasília, com o ministro da Defesa, José Múcio, a ministra substituta das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, e o assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim. Ficou definido que médicos e psicólogos também serão enviados para auxiliar no resgate dos brasileiros.

— Estamos com militares da nossa ajudância de ordens junto à Embaixada de Israel e nas demais embaixadas da região também, para que possamos fazer as primeiras levas, trazer os primeiros brasileiros para cá. Em função das demandas nós vamos equacionando esses voos pelo tamanho da aeronave.

O que está acontecendo em Israel

Conflito foi deflagrado a partir da Faixa de Gaza, no Sul de Israel (Foto: Google Maps/Reprodução)

No sábado (7), dia de um feriado judaico, o Hamas promoveu um ataque surpresa a partir da Faixa de Gaza, um estreito território palestino localizado entre o Sul de Israel, o Mar Mediterrâneo e o Egito.

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Pelo lado israelense, aos menos 600 pessoas morreram e outras 2.048 ficaram feridas pelo ataque, mobilizado pelo Hamas por terra, ar e mar. Em resposta, Israel promoveu um bombardeio aéreo na Faixa de Gaza que matou 313 pessoas, incluindo 20 crianças, e deixou 2 mil feridos. Sete pessoas também morreram na Cisjordânia. Os números de vítimas foram divulgados pelas autoridades de cada território.

O conflito também chegou ao Norte de Israel, na fronteira com o Líbano, a partir de onde o grupo paramilitar libanês Hizbullah, que apoio a causa palestina, também promoveu ataques a israelenses, que contra-atacaram.

De acordo com o Itamaraty, um brasileiro foi ferido no ataque do Hamas ao Sul de Israel e está hospitalizado. Outros dois estão desaparecidos. A estimativa é de que 14 mil brasileiros residem em Israel e seis mil, em territórios palestinos. A maioria mora fora das áreas afetadas pelo conflito.

Qual a origem do conflito

O Hamas é um movimento islamista palestino que governa a região de Gaza e exige a criação de um Estado palestino sobre territórios também reivindicados por israelenses, como a cidade de Jerusalém, sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos e hoje dividida entre Israel (Jerusalém Ocidental) e a Cisjordânia (Jerusalém Oriental), um outro território ocupado por palestinos.

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O grupo considerado terrorista por israelenses deflagrou o ataque a Israel 50 anos após a Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando nações árabes lideradas por Egito e Síria também fizeram um ataque surpresa contra israelenses.

A primeira guerra árabe-israelense é ainda mais antiga, de 1948, logo após a fundação do Estado de Israel, em uma região sagrada a diferentes religiões que se estende do rio Jordão ao Mar Mediterrâneo.

O território judeu foi reconhecido a partir de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) em resposta aos horrores da Segunda Guerra Mundial, mas recebe a contrariedade desde então de países árabes do Oriente Médio, por se sobrepor a uma área também reivindicada pelo Estado da Palestina, que não tem reconhecimento da comunidade internacional.

Entre os países árabes que apoiam os palestinas está o Irã, que celebrou o ataque mais recente a Israel. O governo iraniano ainda presta suporte com armamentos e inteligência ao Hamas e ao Hizbullah.

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Como o Brasil se posiciona

Quando foi deflagrado o primeiro ataque pelo Hamas, o presidente Lula se disse chocado e classificou o episódio como terrorismo, apesar de não mencionar o nome do grupo envolvido.

“Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje [sábado] contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas”, escreveu o petista.

Ele afirmou ainda que empenhará esforços para chegar a um solução pacífica, que contemple reivindicações territoriais de judeus e palestinos. O Brasil assumiu este mês a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU, que tinha uma reunião de emergência prevista para este domingo.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas. Reafirma que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina”, publicou ainda Lula.

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*Com informações da Agência Estado

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