O Brasil entrou em campo contra a Bolívia, nesta quarta, com a possibilidade de conquistar antecipadamente a classificação ao Mundial de 2002 – após o empate em 1 a 1 entre Uruguai e Equador, na mesma noite, bastava à Seleção uma vitória contra os bolivianos, já sem chances nas Eliminatórias, para carimbar o passaporte. Mas o time de Luiz Felipe (foto) deixou o campo em La Paz humilhado. Jogando futebol sofrível e desorganizado, os brasileiros levaram um verdadeiro chocolate e perderam por 3 a 1. O fiasco na altitude dos 3,6 mil metros da capital boliviana manteve o Brasil com 27 pontos, ainda em quarto lugar na tabela, e impôs a necessidade de vitória na última rodada, contra a Venezuela, dia 14 de novembro. Qualquer outro placar em São Luiz, do Maranhão, deixará a equipe na dependência de resultados paralelos – Uruguai, com 26 pontos, e Colômbia, com 24, ainda estão na briga. Os uruguaios enfrentarão a Argentina no próximo dia 14, em casa, enquanto os colombianos têm o Paraguai como adversário, fora. Desde o início da partida, ficaram evidentes as dificuldades que os brasileiros iriam enfrentar. Apesar de Felipão ter escalado três volantes – Emerson, Vampeta e Zé Roberto – e três zagueiros – Lúcio, Juan e Edmílson -, a defesa praticamente não existiu durante os 90 minutos. A todo o momento, o goleiro Marcos penava com bolas alçadas na área e atacantes adversários quase sempre livres de marcação. Lúcio esteve irreconhecível, assim como Juan, que entregou o primeiro gol da Bolívia. Emerson foi o único que se salvou no meio-campo, mas esteve sobrecarregado com a displicência de seus companheiros, que não voltavam para ajudar. Apesar da superioridade boliviana, o primeiro gol foi anotado pelo Brasil. Pouco depois de Paz não marcar no detalhe, Edílson recebeu um toque sutil de Rivaldo e mandou uma bomba de fora da área, aos 26 do primeiro tempo. A bola caiu no ângulo direito do goleiro Soria, desfechando um raro momento de talento em um mar de mediocridade. A Bolívia, porém, não se abateu e manteve a pressão: acabou recompensada aos 41 minutos, em uma bobeada monumental de Juan. Na entrada da área, o zagueiro perdeu uma bola já dominada para Paz, que não vacilou e mandou para a rede. O time do Brasil voltou do intervalo sem alterações, e nada mudou no gramado, no fim das contas. Afora uma ou outra jogada mais criativa, a Seleção preocupou-se muito mais em não sofrer gols. Aos nove minutos, diante da apatia dos seus atletas, Luiz Felipe sacou o apagado Zé Roberto e colocou Denílson – em seguida, o técnico tirou Vampeta e escalou o estreante Gilberto Silva. A tática não vingou: em vez de reagir, os brasileiros continuaram cedendo espaços, e não deu outra: aos 24, Baldivieso enxergou Marcos adiantado e, na cobrança de falta, encobriu o goleiro, virando o jogo. Felipão ainda mexeu na equipe, abandonando o 3-5-2 por alguns minutos: aos 28, Juan saiu para a entrada de Juninho Paulista. O golpe de misericórdia veio aos 42 minutos, quando Cafu, de péssima atuação, derrubou o atacante adversário na área, fazendo pênalti. Baldivieso não teve dúvidas e decretou o 3 a 1. Nos minutos finais, ficou evidente o abatimento de Luiz Felipe, que chegou a abandonar a casamata por alguns instantes, se dirigindo ao túnel – acabou voltando para assistir ao juiz apontar para o centro do gramado. Mais tarde, na entrevista coletiva, o técnico garantiu que pretende seguir no cargo e afirmou que a altitude não havia sido decisiva para o resultado. Mas, depois do fracasso, sua permanência na Seleção está ameaçada. Até o início da madrugada desta quinta, ninguém da CBF havia se manifestado oficialmente sobre o assunto.

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