O governo brasileiro está incentivando todos os países a se colocarem ao lado do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e pela saída do presidente Nicolás Maduro do poder. Em nota divulgada nesta terça-feira (30), o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, disse que "o Brasil acompanha com grande atenção a situação na Venezuela e reafirma o irrestrito apoio ao seu povo que luta bravamente por democracia".

Continua depois da publicidade

"Exortamos todos os países, identificados com os ideais de liberdade, para que se coloquem ao lado do Presidente Encarregado Juan Guaidó na busca de uma solução que ponha fim na ditadura de Maduro, bem como restabeleça a normalidade institucional na Venezuela — diz a nota da Presidência.

Bolsonaro está reunido com ministros de Estado e o vice-presidente Hamilton Mourão, no Palácio do Planalto, para tratar da situação da Venezuela.

Na manhã desta terça-feira, o presidente da Assembleia Nacional, o deputado venezuelano e autodeclarado presidente interino Juan Guaidó divulgou uma mensagem afirmando ter obtido apoio de oficiais das Forças Armadas para tirar Maduro do poder. No mesmo vídeo, ele conclama a população a sair às ruas para se manifestar contra o governo.

Guaidó batizou a ação de Operação Liberdade, para livrar o país do que classificou como "a usurpação" do poder pelo grupo de Maduro.

Continua depois da publicidade

Por sua vez, o governo de Maduro também convocou a população, pelas redes sociais, para ir às ruas. A partir daí, milhares de venezuelanos contrários e favoráveis ao governo tomaram as ruas da capital, Caracas, e de outras cidades venezuelanas.

Segundo sites de notícias do país, há relatos de confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Imagens de TV exibem veículos militares tentando conter populares que tentam invadir uma base aérea, chegando mesmo a atropelar um grupo de pessoas.

Comunidade internacional repercute dia de violência na Venezuela

Representantes de governos de vários países acompanham, nesta terça-feira (30), a evolução dos protestos nas ruas de Caracas e outras cidades Venezuelana. Na América Latina, o governo do Uruguai, em nota emitida pelo Ministério das Relações Exteriores do país, afirmou que acompanha com preocupação a situação na Venezuela e "faz um chamado a todas as partes para que evitem ações que possam conduzir a uma escalada da violência com graves consequências, especialmente para a população civil".

A nota diz ainda que o país reitera seu "repúdio à violência e ao uso da força como instrumentos para dirimir conflitos e continuará empregando todos seus esforços, inclusive através dos diferentes âmbitos de diálogo regionais e internacionais, para contribuir a encontrar uma solução pacífica, mediante a negociação entre as partes".

Continua depois da publicidade

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro manifestou solidariedade ao povo venezuelano. Apoiador de Guaidó e crítico feroz do regime chavista, o brasileiro afirmou que apoia "a liberdade desta nação irmã para que finalmente vivam uma verdadeira democracia" e aproveitou para alfinetar a oposição:

— O Brasil se solidariza com o sofrido povo venezuelano escravizado por um ditador apoiado pelo PT, PSOL e alinhados ideológicos. Apoiamos a liberdade desta nação irmã para que finalmente vivam uma verdadeira democracia — escreveu em uma rede social.

A Colômbia pediu a realização de uma reunião de emergência do Grupo de Lima.

Continua depois da publicidade

— Faço um chamado a todos os países-membros do Grupo de Lima para que continuemos com nossa tarefa de apoio ao retorno da democracia e da liberdade à Venezuela e para definirmos de comum acordo uma reunião de emergência — manifestou o ministro do Exterior da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo.

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos (EUA), John Bolton, aparentemente apoiou a convocação de Guaidó, depois que o líder da oposição e presidente da Assembleia Nacional instou venezuelanos e militares a ajudar nos esforços para derrubar Maduro.

— A Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) deve proteger a Constituição e o povo venezuelano. Deve ficar ao lado da Assembleia Nacional e das instituições legítimas e contra a usurpação da democracia. Os Estados Unidos estão com o povo da Venezuela — diz Bolton.

Já o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, disse que aprova o apoio de militares da Venezuela ao autoproclamado presidente interino Guaidó.

Continua depois da publicidade

— Parabenizamos o apoio dos militares à Constituição e ao presidente interino da Venezuela. É necessário o mais pleno apoio ao processo de transição democrática de forma pacífica — afirmou Almagro.

Outros países sul-americanos, como Argentina, Chile e Peru, emitiram declarações semelhantes.

Na Europa, a ministra da Educação e porta-voz do governo espanhol, Isabel Celaá, afirmou que a Espanha não respalda nenhum "golpe militar" na Venezuela. De acordo com Celaá, Guaidó "representa uma alternativa" e é visto, pelo Poder Executivo espanhol, como "o representante legitimado para levar a cabo uma transformação na Venezuela".

FOTOS: confronto entre manifestantes e tropas de Maduro na Venezuela

Venezuela
(Foto: Matias Delacroix / AFP)