Fosse lá atrás, quando liderar o ranking da Fifa era natural como a devoção dos baianos por Nosso Senhor do Bonfim ou Mãe Menininha do Gantois, seria salto alto. Agora, não. Neste momento, depois de tantas decepções em quatro anos se afundando em derrotas, entrar em campo na Arena Fonte Nova como favorita diante de uma Itália sem Pirlo, mas sempre tetracampeã mundial, representa a retomada do orgulho. Empatando, o Brasil se classifica em primeiro no Grupo A e escapa de um possível duelo com a Espanha já na semifinal.

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E, como se sabe, para convencer alguém, é preciso estar convencido. Para ganhar de alguém do seu tamanho, como é a Itália, tem de acreditar. As duas vitórias com bom futebol sobre o Japão (nota 9,5) e México (7,1), somadas ao 3 a 0 na França, mudaram a forma como os adversários veem a Seleção e como a Seleção se vê. Nos bastidores desta Copa das Confederações, este processo está sendo chamado de ”retomada do respeito”.

É como se as potências do futebol, depois do que se viu do Brasil nas duas primeiras partidas, agora sinalizassem para algo do tipo: “Ih, os caras estão voltando…” Os golaços de Neymar correram o mundo. Vi colegas japoneses lendo na Internet páginas de seus jornais com fotos e legendas tentando explicar aquele drible por entre dois mexicanos.

Chegam da Espanha notícias de que os campeões mundiais sonham decidir (e vencer, claro) a Seleção na final, pelo significado histórico do Maracanã. O zagueiro Piqué chegou a dizer isso. Daniel Alves, acostumado a tocar a bola o dia inteiro com o Barcelona, já defende o mesmo na Seleção. Antes, sequer cogitava esta hipótese, tal os erros de passe.

O coordenador Carlos Alberto Parreira agora admite sem medo de ser taxado de herege que a Espanha precisa encontrar alguém que a incomode, e ele se referia à marcação sob pressão responsável pelo gol antes dos 10 minutos contra Japão e México. Felipão fala em igualar Vittorio Pozzo, o lendário técnico italiano que comandou esta mesma Azzurra, adversária em Salvador, por duas décadas ininterruptas, faturando as Copas de 1934 e 1938. Mais: se passar à semifinal em primeiro no Grupo A, será o recordista brasileiro em vitórias seguidas em partidas oficiais: 10, ao lado de Dunga e Luxemburgo.

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– Quando aceitei voltar para a Seleção, foi também pela história. Terei a chance de ser o único, ao lado do italiano, a ganhar duas Copas – suspirou um Felipão inspirado nesta sexta, com tiradas e brincadeiras que dariam para montar um programa divertidíssimo.

Um técnico confiante e orgulhoso de sua nova Seleção, que dá os primeiros passos ainda sem firmeza de outras épocas. Confiança e orgulho que, lá atrás, acusaríamos de salto alto, mas que agora representam o orgulho pela retomada do respeito e do temor pelo futebol brasileiro.

Copa das Confederações – Grupo A – 3ª rodada – 22/06/2013

ITÁLIA: Buffon, Barzagli, Chiellini, De Sciglio, Abate, Marchisio, Montolivo, Aquilani, Giaccherini, Giovinco, Balotelli. Técnico: Cesare Prandelli

BRASIL: Julio César, Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz, Marcelo, Hernanes, Luiz Gustavo, Hulk, Neymar, Oscar, Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari

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16h

Local: Arena Fonte Nova, em Salvador

Arbitragem: Ravshan Irmatov (UZB), auxiliado por Abdukhamidullo Rasulov (UZB) e Bakhadyr Kochkarov (QUI).

O jogo no ar: RBS TV, Band e SporTV transmitem. A Rádio Gaúcha abre a jornada às 15h. Acompanhe o minuto a minuto em www.zerohora.com.br/jogoaovivo.