A Missão de Estabilização da ONU no Haiti chega ao fim após 13 anos de trabalhos. De acordo com a Resolução 2.350/2017, aprovada pelo Conselho Segurança das Nações Unidas, todo o efetivo militar empenhado na missão deve deixar o país até 15 de outubro, data em que a operação será oficialmente encerrada. A organição entendeu que o país havia conquistado estabilidade política que dispensaria a ação humanitária. Em novembro do ano passado, um novo presidente foi eleito para comendar a nação. Considerado o país mais pobre das Américas e um dos mais carentes do mundo, o Haiti é também a nação com o maior número de vítimas fatais por catástrofes naturais.
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A próxima missão das Forças Armadas do Brasil sob mandato da ONU será na África. Uma realidade bastante diferente do Haiti, onde a operação teve como foco ajudar a recompor a infraestrutura do país vitimado pelo terremoto e furacão. São oito destinos possíveis e todos cenários de violentas lutas civis, como República Centro-Africana, Sudão do Sul e Mali.
Conforme o Ministério da Defesa, desde 2004, quando o Brasil foi escolhido para liderar a missão de estabilização formada por tropas de 16 países, cerca de 37 mil militares brasileiros foram para o Haiti. O maior contingente foi o do Exército, que mobilizou 30.359 homens e mulheres. A Marinha enviou 6.299 militares e a Aeronáutica, 350.
Ao ser convidado pelo Conselho de Segurança da ONU para liderar a Minustah, o governo brasileiro que tinha como presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enxergou a oportunidade de, além de ajudar o Haiti, projetar a imagem do Brasil internacionalmente. Em janeiro de 2010, quando o Haiti foi devastado por um terremoto de 7 graus na escala Richter, a situação humanitária se agravou e a ajuda internacional se tornou ainda mais necessária.
Mais de 220 mil pessoas morreram, entre elas a médica brasileira Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, e o diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa, vice-chefe da missão de paz da ONU. Cerca de 300 mil pessoas ficaram feridas e mais de 1,5 milhão de haitianos ficaram desabrigados. Em meio à destruição, uma epidemia de cólera se alastrou entre a população, provocando uma nova onda de violência que precisou ser contida com o uso da força.
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Em outubro de 2016, o país foi atingido pelo Furacão Matthew, que afetou cerca de 2 milhões de pessoas, matando centenas delas. O furacão também destruiu sistemas de água e esgoto recém-construídos, provocando inundações e agravando os problemas de saúde pública.
O efetivo da Minustah foi novamente acionado para desobstruir estradas e levar água, comida e medicamentos a comunidades isoladas, além de ajudar na reconstrução de casas e da infraestrutura afetada. Os brasileiros também tocaram obras de engenharia importantes para a reconstrução do Haiti. De acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, de 2004 até o fim de 2016, o Brasil investiu cerca de R$ 2,5 bilhões na Minustah. Cerca de R$ 431,3 milhões foram reembolsados pela ONU.