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Imagine um senhor robusto tentando remar contra a maré de uma rota que colocaria medo até em Bartolomeu Dias. Pois, para o diretor da Morgan Stanley Brasil, Eduardo Freitag de Miras e para o economista do banco ABC Brasil Luis Otávio de Souza Leal, essa é a imagem da nação brasileira que atravessa o Cabo das Tormentas de 2015. A figura que os dois traçaram na sessão cenários e tendências da Expogestão, em Joinville, na manhã desta sexta-feira, não é nada encantadora, mas tem jeito.

– O Brasil vai ter que fazer uma cirurgia de estômago – diagnostica Miras.

A bariátrica cortaria um pedaço grande do que hoje é o governo, uma máquina “pesada”. Apesar do sobrepeso, o Brasil é um país com vocação de “atleta olímpico”. Para o diretor da Morgan, o Brasil tem sete características de fôlego. É sétima economia do mundo, referência na produção de commodities, rico em recursos naturais, industrialmente diversificado e tem um mercado consumidor robusto, um sólido esquema financeiro e uma demografia favorável ao crescimento.

– O Brasil é grande demais para ser ignorado – reconhece o diretor.

Mas, para retomar o fôlego de atleta, segundo ele, é preciso colocar em prática as reformas tributária, política e social, além de investir na musculatura que tem o formato da infraestrutura. Se o Brasil investe 2,1% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura, os chineses colocam 8,5% à disposição do desenvolvimento estrutural.

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Os chineses têm 50% do PIB na poupança, enquanto os brasileiros poupam apenas 15%. Para voltar a crescer, o país precisaria resolver uma crise que é, na verdade, “interna”.

Para Souza Leal, se China e Brasil se unissem,o resultado seria um país ideal.

– O Brasil e a China são totalmente complementares. Se pegar o Brasil e e somar com a China, dividido por dois, daria uma país maravilhoso – desenha ele.

O economista elaborou uma carta náutica para tentar resolver a travessia desse período “tortuoso” de crescimento freado e inflação crescente. Antes das medidas serem tomadas, ele é categórico ao dizer que ainda vai piorar a curto prazo. O segundo semestre do ano das tormentas vai ver as águas da crise quebrarem na costa do Mercado de Trabalho. Ele prevê o aumento do desemprego.

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Para desenhar os caminhos, ele começaria resolvendo a “questão fiscal”, que ele acredita estar “mais crível” hoje. A balança precisa estar positiva para o Brasil. Ele exemplifica: que “quanto mais o país precisar da poupança externa, maior vai ser o rombo interno”. Resolvendo a questão fiscal, seria possível, na visão do economista pensar em tudo o que Miras propôs, desde o emagrecimento do governo às reformas.

A “boa notícia”, segundo o economista, “é que ganhamos tempo” para mudar, diante da autonomia de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda e da liberdade política do vice-presidente Michel Temer. O que trouxe um respiro e tirou um pouco o foco da presidência.

– A banda do governo parece destoante do som das ruas – acredita o economista.

– Mas o gordinho não vai morrer de infarto – diz um Miras, que encara com bom humor a crise.

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