Há o discurso oficial e o do vestiário. O oficial é de que ninguém se importa com provocações. Melhor deixar os cartolas responderem. O negócio é respeitar os adversário, que é bom e se movimenta muito e tem ótimo técnico e exibe craques europeus e por aí vai.
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Mas uma vírgula traiu Thiago Silva, e nesta vírgula se desnudou o ambiente tenso no qual será possível cortar o ar em fatias no Mineirão, quando Brasil e Chile entrarem em campo para decidir quem passa às quartas da Copa.
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Eraldo Leite, da Rádio Globo, quis saber do capitão sobre a entrevista de Alexis Sanchez acerca da arbitragem. Ouvi o que disse o jogador do Barcelona, na véspera.
Um resumo: o Chile veio para “fazer história” e teme “a arbitragem localista”. Anote esta expressão – “fazer história”. Thiago disse que não considerava aquilo uma provocação, e sim a confiança de um jogador em seu time. Assim como ele acreditava na Seleção:
– Não estou aqui para responder ninguém…
Então surgiu a vírgula traiçoeira:
– Mas se ele vem para fazer história, eu também vim. A gente tem respeito pelo adversário. Se eles (os chilenos) têm ou não, aí não me cabe falar.
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Só que em nenhum momento alguém forneceu esta informação a Thiago, de que Alexis prometera ”fazer história”. A pergunta era sobre a polêmica do apito. Ponto. Lá pelas tantas, ele jurou não acompanhar a cobertura da imprensa, para não perder o foco. Como, então, saber que Sanchez prometera fazer história em cima do Brasil, se a entrevista passou na TV?
Simples: por que ele a ouviu. Atentamente. E também a de Valdívia e do presidente da federação chilena, Sergio Jadue. Os brasileiros estão mordidos não pelas insinuações de favorecimento da arbitragem, cujo argumento é a escolha de Howard Webb. O inglês apitou a final entre Holanda e Espanha em 2010 e dirigiu o jogo no qual o Brasil venceu o Chile por 3 a 0 na África do Sul, também nas oitavas.
– É um desrespeito com os nossos jogadores e com o povo brasileiro. Este expediente de condicionar a arbitragem é velho. Futebol se decide no campo – vociferou a CBF em comunicado oficial, na voz do diretor de comunicação Rodrigo Paiva, quando um jornalista chileno pediu réplica de Felipão para as acusações dos jogadores de seu país.
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Felipão e Thiago observaram Paiva sem alterar a fisionomia. Não é a arbitragem o que os irrita, mas a provação de fazer história em cima da desgraça alheia. Na campanha do bi em 1962, a Seleção tirou dos chilenos o direito de disputar uma final em casa, ao vencê-los por 4 a 2 (Garrincha e Vavá, duas vezes cada).
Lá se vão 52 anos, e agora o Chile tem a chance de dar o troco. Você tem alguma dúvida de que será um jogo catimbado, nervoso, de provocações sul-americanas? Felipão, mas que dúvida, incendiará o seu vestiário com as insinuações e alfinetadas chilenas, para além das questões táticas destinadas a vergar o time de Jorge Sampaoli.
Trata-se, agora, de matar ou morrer.
E de como ficar na história.
Os caminhos do Brasil
– Com dores nas costas, David Luiz participou da primeira parte do treino fechado de sexta-feira no Sesc Venda Nova (tático e cobrança de pênaltis), mas foi poupado do rachão, aberto à imprensa. Deve jogar.
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– Fernandinho começa. Maicon, no lugar de Daniel Alves, é possibilidade. Ramires em vez de Hulk fica para o segundo tempo. Estes Felipão não confirmou. Só deixou pistas.
– O Brasil teme o lado esquerdo de ataque chileno, com o lateral Mena e o ex-gremista Vargas. Por isso a ideia de Maicon em vez de Daniel Alves. Maicon, de mais força defensiva, bateria com o ótimo Mena, deixando Thiago Silva na cola de Vargas.
– Do outro lado, Marcelo e David Luiz reproduzirão este balanço com Isla e Sanchez. Dependendo de onde vier a artilharia, um zagueiro tem de centralizar, vigiando o miolo da área.
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– A marcação de Fernandinho e Luiz Gustavo a Vidal e Aránguiz será de perto.
– A linha de três atrás de Fred (Oscar, Hulk e Neymar) terá de contribuir no primeiro combate aos três zagueiros chilenos.
– Parece balão, mas não é. Thiago Silva e David Luiz farão ligação direta para quem estiver aberto no flanco.
– Na final da Copa das Confederações, a ligação direta ajudou a descompactar as linhas espanholas. O Chile também atua com os setores bem próximos.
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– Além da bola aérea por conta da baixa estatura chilena (Felipão elogiou Paulo César Tatu, que com 1m70cm fazia gols pelo Caxias nos anos 70, para jurar que dá para ser baixo e bom pelo alto), o Brasil tem uma jogada ensaiada. Neymar acha Thiago Silva na trave direita. Este cabeceia para o meio da área, buscando quem vem de trás.
COPA DO MUNDO, OITAVAS DE FINAL, 28/06/2014
BRASIL
Julio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho, Oscar, Neymar e Hulk; Fred
Técnico: Luiz Felipe Scolari
CHILE
Bravo; Francisco Silva, Medel e Jara; Isla, Marcelo Díaz, Aránguiz, Vidal e Mena; Vargas e Sanchez
Técnico: Jorge Sampaoli
Arbitragem: Howard Webb, auxiliado por Michael Mullarkey e Darren Cann
Local: Mineirão, Belo Horizonte, às 13h
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