A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira, durante a reunião do G-20 (grupo da maiores economias do mundo), a retomada das discussões da Rodada Doha, travadas desde 2008 por questões relativas a subsídios agrícolas. A Rodada Doha é um ciclo de negociações para liberalização do comércio mundial, iniciado em 2001. Os principais impasses estão nas negociações entre os países em desenvolvimento e desenvolvidos nos setores de agricultura, facilitação de comércio, dos serviços e manufaturados.
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A falta de acordos na área agrícola e a crise financeira de 2008/2009 suspenderam as negociações e a Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu prorrogar as condições vigentes até 2103. A proposta do Brasil é retomar as discussões em 2014, e não aceitar novos adiamentos para corrigir distorções no comércio internacional, segundo Dilma:
– Não aceitamos mais prorrogar por prorrogar. Não dá mais para ficar prorrogando, é como dar um cheque em branco, é como se você não reconhecesse essa situação de desequilíbrio.
De acordo com a presidente, a crise financeira internacional “não pode servir de biombo” para que os países se recusem a discutir as desigualdades no comércio global.
– Estamos propondo que a partir de 2014 se reabra a discussão da Rodada de Doha e se dê prazo para fechar, para que não haja prorrogamentos muito grandes de interesses de países que são privilegiados por subsídios agrícolas e por práticas de competição indevidas no momento atual – acrescentou.
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Em entrevista após deixar a Cúpula do G20, em Los Cabos, no México, Dilma confirmou que o grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) fará um aporte de US$ 75 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para reforçar as ações anticrise da entidade. Desse total, US$ 10 bilhões serão do Brasil. Em troca, o Brics pressiona pela conclusão da reforma do fundo para que economias emergentes tenham mais peso nas decisões do FMI.
Dilma disse que o “clima” na reunião do G20 foi de solidariedade aos países da zona do euro, que enfrentam o agravamento da crise financeira, e que há consenso sobre a necessidades de associar políticas de austeridade com medidas de apoio aos investimentos.
– Não adianta só aplicar políticas de austeridade ou de consolidação fiscal e não ter associadas a elas politicas de crescimento por meio de políticas de incentivos fiscais ao investimento – ressaltou.
Segundo a presidente, não cabe ao G-20 definir soluções para a crise europeia, mas é preciso que os líderes do grupo encontrem respostas para a situação, que já compromete o ritmo de crescimento da economia global. A conferência aprovou o rascunho do texto final, mas o documento tem que ser submetido aos chefes de Estado em sessões que começam quarta e vão até sexta-feira.
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