A história olímpica do Brasil não será a mesma depois de Atenas 2004. Com quatro medalhas de ouro, o país conquistou o seu melhor desempenho em Jogos Olímpicos, superando o recorde anterior de Atlanta, em 1996, de três ouros. A capital da Grécia recebeu ainda a maior delegação brasileira já enviada a uma Olimpíada, composta por 247 atletas, sendo 125 homens e 122 mulheres.

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O país terminou na 18ª colocação no quadro geral de medalhas, sendo o terceiro melhor das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos e de Cuba. Foram 10 medalhas no total, com quatro de ouro, três de prata e outras três de bronze. Além da conquista de mais medalhas de ouro, esportes que nunca foram especialidades brasileiras surgiram em Atenas e obtiveram resultados importantes.

Foi o caso da ginástica olímpica feminina, que pela primeira vez mandou uma equipe completa para competir. Ainda na ginástica, Mosiah Rodrigues foi o primeiro brasileiro a disputar uma Olímpíada. As mulheres também fizeram bonito na natação, apesar de nenhuma atleta chegar ao pódio. A maratona ganhou a primeira medalha, o mesmo ocorrendo com o futebol feminino.

O grande responsável, porém, pela melhor participação brasileira em uma Olimpíada foi o vôlei, que conquistou três medalhas. O vôlei de praia masculino, com Ricardo e Emanuel, e o vôlei masculino conquistaram o ouro. O vôlei de praia feminino, com a dupla Adriana Behar e Shelda, ficou com a prata, repetindo a campanha de Sydney 2000.

Os resultados consagram o trabalho desenvolvido pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), desde o ouro conquistado pelos homens em Barcelona 1992. A equipe comandada por Bernardinho tornou-se bicampeã olímpica, dando ao Brasil a quarta medalha de ouro e a mais emocionante, após uma partida disputadíssima contra a Itália, vencida por 3 sets a 1.

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A vela mais uma vez teve grande destaque. Foram duas medalhas de ouro, com Robert Scheidt, na classe Laser, e Torben Grael e Marcelo Ferreira, na Star. Todos tornaran-se bicampeões olímpicos, e Torben Grael o maior medalhista olímpico do Brasil e o maior velejador do mundo, com dois ouros, duas pratas e um bronze em Olimpíadas. O esporte solidificou sua liderança no quadro de medalhas do país, com seis de ouro, duas de prata e seis de bronze, totalizando 14 medalhas.

Mas tudo começou no judô, onde o Brasil conquistou a sua primeira medalha em Atenas, com o bronze de Leandro Guilheiro, na categoria até 73 Kg. Flávio Canto, também bronze na categoria até 81Kg, confirmou a importância do esporte na conquista de medalhas – foram 12 em todas as Olimpíadas.

As boas notícias também vieram no futebol feminino. O técnico René Simões e sua equipe quase conseguiram a tão sonhada medalha de ouro, mas perderam para os EUA por 2 a 1 na final ficando com a inédita prata. Não deixou de ser um grande resultado para um time que começou a se preparar apenas dois meses antes da abertura dos Jogos e para um esporte que não tem nenhum campeonato oficial no país.

A volta por cima veio com Rodrigo Pessoa, montando Baloubet du Rouet. Após o fracasso de Sydney, quando o cavalo refugou três vezes e deixou o brasileiro fora da disputa, a dupla conquistou a prata em Atenas. Esta foi a primeira medalha individual de Pessoa, após o bronze por equipe em Atlanta 1996 e Sydney 2000.

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A grande decepção brasileira ocorreu na ginástica artística, que mesmo assim collheu resultados históricos. O esporte participou pela primeira vez de uma final por aparelhos. Daiane dos Santos, favorita ao ouro no solo, terminou em quinto lugar. A gaúcha não suportou a pressão e comentou dois erros na prova final. A perda da medalha, entretanto, não tirou o brilho da ginasta, que fez o país parar para acompanhá-la e revolucionou o esporte. A ginástica ainda colocou duas atletas, Daniele Hypólito e Camila Comin, na final do individual geral, outro feito inédito, terminando, respectivamente, em 12º e 16º.

O atletismo não conseguiu confirmar os bons resultados de outras Olimpíadas. A única medalha veio no último dia de competições, com o bronze de Vanderlei Cordeiro na maratona, a primeira do país nessa modalidade. O bronze teve um gostinho de ouro, já que o brasileiro liderou mais da metade da prova e só perdeu a liderança quando um torcedor fantasiado invadiu a pista e o agarrou. A vantagem de mais de 20 segundos para o segundo colocado desapareceu e o italiano Stefano Baldini acabou com o ouro. A outra esperança do altetismo, o revezamento 4x100m, chegou à final, mas terminou na 8ª posição. A pouco produtividade demonstra a necessidade de renovação e de novos investimentos no esporte.

Renovação que ocorreu na natação, com jovens nadadores brasileiros chegando a oito semifinais e cinco finais, com seis recordes sul-americanos batidos. Antes, as vitórias eram concentradas em Gustavo Borges e Fernando Scherer, mas agora surgiram nomes como Eduardo Fischer, Gabriel Mangabeira e Thiago Pereira além da representação feminina com Joanna Maranhão, Monique Ferreira, Mariana Brochado e Paula Baracho.

Fica para Pequim 2008 a tentativa de fazer história mais uma vez, superando a marca conquistada em Atenas 2004.

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