Quatro anos depois da eclosão da pior crise mundial, a ação do governo dos Estados Unidos para salvar sua economia transformou o superávit brasileiro com os EUA em um déficit de US$ 4 bilhões e criou sérias distorções no comércio internacional. A denúncia foi apresentada nesta terça-feira pelo Itamaraty durante o exame da política comercial dos EUA, realizado pela Organização Mundial do Comércio OMC). China, Europa e dezenas de países também atacaram as barreiras dos EUA.

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Para o Brasil, o governo americano tem ampliado as medidas restritivas e violado regras internacionais. Em seu informe preparado para a sabatina, a OMC também criticou as barreiras dos EUA às importações, as limitações aos investimentos estrangeiros e alertou para a proteção considerada elevada a produtos agrícolas, têxteis e calçados. Brasília não perdeu a oportunidade de atacar o que acredita ser uma política deliberada dos EUA para desvalorizar sua moeda e, assim, ampliar as exportações.

-Os EUA adotaram uma política monetária e fiscal expansionista que levou a uma progressiva desvalorização do dólar- apontou Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na OMC. Citando o informe da entidade, o diplomata apontou como o dólar sofreu desvalorização de cerca de 25% entre 2002 e 2008 e de mais 16% entre 2009 e 2011.

Segundo o Brasil, a injeção de dinheiro dos americanos para resgatar seus bancos e economias acabou sendo direcionado a outros países, promovendo uma valorização artificial de outras moedas, como o real.

Azevedo deixou claro que foi por causa da valorização do real nesse mesmo período que a balança comercial entre Brasil e EUA sofreu mudança profunda, justamente nos anos da crise.

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-O superávit brasileiro de cerca de US$ 6 bilhões foi transformado em um déficit de quase US$ 4 bilhões em apenas cinco anos- disse.

Nas respostas enviadas ao Itamaraty por escrito, o governo americano rejeita as acusações. Segundo a Casa Branca, o dólar tem se mantido no mesmo patamar desde 2008 e, de acordo com o FMI, a moeda americana estaria até mesmo “sobrevalorizada entre 0 e 10%”.