Branca, 41 anos e morta a facadas pelo ex-namorado. Iraides Capeletti, de Guaramirim, no Norte do Estado, é uma das 30 vítimas de feminicídio em Santa Catarina no primeiro semestre de 2023. O perfil dela se assemelha ao da maioria das mulheres que foram assassinadas por serem mulheres nos seis primeiros meses do ano: adultas entre 20 e 49 anos, brancas e mortas com golpes de arma branca.
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Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP) enviados ao NSC Total. Das 30 mortes, 13 ocorreram com o uso de arma branca — o que representa 43,33% dos casos. Em seguida vêm os assassinatos com o uso de arma de fogo (4) e por meio do emprego do fogo ou agressão física (dois casos cada um).
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Ainda segundo o levantamento, 29 das 30 vítimas eram brancas: apenas o caso ocorrido em 29 de janeiro, em Lages, é de uma mulher parda. Conforme a Polícia Civil, ela foi encontrada carbonizada após o incêndio de uma casa.
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Já em relação a idade, 90% das vítimas de feminicídio tinham entre 20 e 49 anos. Outras duas tinham entre 50 e 59 anos, enquanto uma tinha 69 anos.
Três mulheres tinham medida protetiva
Conforme a SSP, dos 30 casos, em apenas três havia a medida protetiva de urgência a favor da vítima. Entre elas, Cristiane Huka, de 38 anos, que foi morta a pedradas na frente de um dos dois filhos no interior de Luiz Alves, no Vale do Itajaí, em 15 de abril. O suspeito é o ex-marido da vítima que não aceitava o fim do relacionamento.
Outro dado que chama atenção é que os crimes, em sua maioria, ocorreram durante a manhã: dos 30 assassinatos, dez foram entre 6h e 12h — 33,33% dos casos.
Em relação ao dia da semana, há empate entre três dias: segunda, terça e sexta, com seis casos cada. Depois vêm o domingo e o sábado, com cinco assassinatos.
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Por fim, o Estado teve um crescimento de 3,44% no número de feminicídios na comparação com os seis primeiros meses de 2022. No ano passado, no mesmo período, foram 29 mortes, de acordo com a SSP.
SC teve 56 feminicídios em 2022
Dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 mostram que Santa Catarina teve 56 feminicídios no ano passado — um aumento de 1,81% em relação a 2021, quando foram 55 mortes. Em nível Brasil, o Estado aparece na 10ª posição entre a morte de mulheres.
O levantamento traz, ainda, informações sobre as tentativas de feminicídio. Em 2022, foram registradas 175 ocorrências, um crescimento de 19% ao comparar com 2021, quando foram 147. Santa Catarina aparece em 4º lugar em relação a outros estados brasileiros.
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Outro dado que também teve aumento foi o da violência doméstica. Entre 2021 e 2022, o aumento foi de 10,77% — passou de 15.672 para 17.361. Em relação aos demais estados, Santa Catarina aparece em 6º lugar no número de casos, atrás de São Paulo (52.672), Rio de Janeiro (28.171), Minas Gerais (22.561), Rio Grande do Sul (18.208) e Paraná (17.775).
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Em entrevista ao g1, o doutor em Direito pela Univali, Juliano Keller, vê nos altos números femininos uma preocupação: o silenciamento dos casos devido à falta de eficácia das medidas protetivas de urgência, principalmente por acontecerem, em sua maioria, no seio familiar.
— Nós poderemos contribuir denunciando. Acabou aquela velha fábula de “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”. Mete, sim, pelas crianças, pelos idosos e pelo bem das famílias envolvidas — completou Eugênio.
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