Filho de um alemão que fugiu da crise depois da 1ª Guerra Mundial e de uma blumenauense cujo pai veio da Bahia, Carlos Braga Mueller, nasceu em Blumenau meses antes do início da 2ª Guerra Mundial. Logo cedo, aos três anos, os pais e as cinco irmãs foram a Braço do Trombudo e deixaram o filho pequeno com os avós maternos. Eles fugiam da perseguição aos alemães deflagrada pelo governo brasileiro durante a guerra.

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Foi criado pelos avós no casarão da Rua XV de Novembro que ficava onde hoje está o Edifício Mauá. Estudou no Colégio Sagrada Família e no Pedro II. Mais tarde fez o curso técnico em Contabilidade no Colégio Franciscano Santo Antônio. Lembra de ter sido uma criança que gostava de ler gibis. Colegas frequentavam a casa para ler as histórias nas revistinhas com ele.

Aos 15 anos ele aceitou o convite de um parente para conhecer a PRC-4 Rádio Clube de Blumenau, onde logo começou a trabalhar como locutor. O primeiro programa foi o Cine Atualidades, que abordava o mundo do cinema, uma das grandes paixões de Braga Mueller. Na rádio trabalhou quase 10 anos.

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Depois foi para a prefeitura, onde redigia o programa O Executivo em Foco, que destacava os feitos do prefeito Hercílio Deeke em cinco rádios da cidade. Também era o responsável por datilografar os atos do governo municipal e o registro dos servidores na Diretoria de Pessoal. No prédio que hoje é sede da Fundação Cultural trabalhou por cinco anos.

Aceitou um convite do empresário Bernardo Wolfgang Werner para trabalhar na Electro Aço Altona. Atuou na carteira de cobrança, contas a apagar, na gerência do escritório e mais tarde na procuradoria. Na empresa metalúrgica da Itoupava Seca permaneceu por 14 anos.

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Nesse mesmo período Carlos foi chamado para apresentar o primeiro telejornal de Santa Catarina, na nova TV Coligadas. Era 1969 e por cinco anos ele teve dois ofícios. Na TV ele apresentava o Telejornal Malhas Hering e o Jornal Nacional Regional. Charles Weber era o companheiro de bancada.

Quando deixou a Electro Aço gerenciou o Teatro Carlos Gomes. Trabalhou na casa cultural bem na época da ascensão do turismo de eventos e vários deles tinham o teatro como sede. Foram mais 10 anos de trabalho e a aposentadoria por tempo de serviço.

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No meio disso tudo ele foi vereador pelo PDS de 1972 a 1982. Nos últimos dois anos foi presidente da Câmara Municipal, cabendo a ele a transferência do Legislativo para o novo, e atual, prédio da prefeitura. Disputou uma eleição a deputado estadual em 1978 e outra como candidato a vice-prefeito de Victor Sasse, em 1982. Política foi uma das paixões de Braga Mueller.

Outra paixão foi o cinema. Ele é um dos criadores do Cine Atlas, no alto da Rua Teodoro Holtrup, bairro Vila Nova. Funcionou de 1965 a 1972. O cinema era conhecido pelos filmes exibidos em alemão. Foi lá que Carlos conheceu a futura esposa, com quem completou recentemente 50 anos de casamento. Eles têm três filhos e duas netas.

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Depois do Atlas, Braga também ajudou a criar o Cine Clube Carlitos, que ficava na sala da casa de um amigo na Rua Fides Deeke, Itoupava Seca. A enchente de 1983 alagou os cinemas do Centro (Blumenau e Busch) e Braga ajudou a criar uma sala de exibição no Teatro Carlos Gomes, onde hoje é o auditório Willy Sievert. Mais tarde foi um dos responsáveis pela abertura do Cine Carlitos na Rua Nereu Ramos, que durou cerca de cinco anos.

Depois de aposentado, Carlos Braga Mueller abriu uma videolocadora na Avenida Beira-Rio. Aproveitou o auge da VHS e do DVD por 15 anos. Também voltou ao poder público. Foi presidente da Proeb — hoje Parque Vila Germânica — em 2001 e 2002, durante o governo Décio Lima.

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ASSISTA A TRECHOS DA CONVERSA COM CARLOS BRAGA MUELLER

Em 2004 ele começou a se envolver com a causa das micro e pequenas empresas. Atuou na Ampe como conselheiro, executivo e presidente. Hoje ele é gerente de Empreendedorismo das Micro e Pequenas Empresas das Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Empreendedorismo.

Há 42 anos ele e a esposa moram no bairro Vila Nova. Braga é jornalista profissional, apesar de não ter feito a faculdade. Conquistou o título pelo tempo de trabalho no ramo. Ainda hoje, aos 79 anos, colabora com textos para o Blog do Adalberto Day e com comentários para a TV Galega, onde teve um programa sobre cultura nos anos 2000. Sem fazer muito planos, Carlos Braga Mueller diz que vive todos os dias como se fosse o último. Mesmo com a vitalidade de quem parece estar longe dos 80.