Botuverá, no Vale do Itajaí, com pouco menos de 5 mil habitantes, é um dos municípios com índice de igualdade de renda mais alto do país. Análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – organização que reúne 34 países – apontou os 10 municípios mais igualitários do Brasil: a cidadezinha do Vale ficou na segunda posição porque os mais ricos ganham apenas 4,1 vezes mais do que os mais pobres.
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Perdeu para a também pequena São José do Hortêncio (RS), onde os mais abastados ganham quatro vezes mais que a faixa menos favorecida. No Brasil a diferença entre os pontos mais extremos da sociedade é de 22,7 vezes.
Além do segmento têxtil, Botuverá tem vagas na mineração, já que é sede das duas maiores empresas de extração de calcário do Sul do país. Apesar da industrialização a agricultura persiste, mas as famílias, que já fizeram da cidade uma das principais produtoras de fumo no Estado, agora diversificam a produção.
Foi a opção de Isaia José Pedrini, 65 anos, que deixou de plantar fumo para apostar em uvas – matéria-prima para o vinho colonial – e ovos. Também cultiva milho, feijão, batata e aipim e usa parte da área para reflorestamento de eucaliptos, que vende como lenha para indústrias. Criou os três filhos com o dinheiro que saiu da terra. Um deles ainda trabalha com o pai. Uma das filhas, Tatiani Pedrini de Souza, 29, saiu da agricultura e é analista financeira da cooperativa de crédito.
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– Saí daqui pra estudar mas voltei porque, de todas as cidades que conheci, é a melhor pra formar uma família. Aqui meu filho anda solto, de pé no chão, não tem violência, tem trabalho pra todo mundo. Não penso em sair – garante.
Gestão que propõe igualdade
Uma das estratégias usadas pela administração em Botuverá é facilitar o acesso da população às políticas públicas. O prefeito José Luiz Colombi explica que para manter a agricultura como fonte de renda das famílias, apoia a diversificação fornecendo, inclusive, maquinário.
O coordenador do Núcleo de Empresários de Botuverá da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Edson Vanelli, acredita que um dos fatores que permite a igualdade de renda é justamente a falta de mão de obra para todos os setores, o que faz aumentar os salários oferecidos.
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Ele afirma que um profissional na área de movelaria, por exemplo, que ganha entre R$ 1,2 mil e R$ 1,3 mil em cidades do Norte do estado, pode ganhar até R$ 2,2 mil em Botuverá.
Para o diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Furb, professor Antônio Marchiori, a colocação das cidades pequenas no ranking pode ser explicada pela facilidade de distribuição de renda. Esses municípios geralmente não precisam de grandes investimentos em ser serviços básicos, o que faz com que sobre recurso para benefícios, isenções, o que atrai empresas, aumenta a arrecadação e gera mais dinheiro para outras áreas.
O ranking:
1° São José do Hortêncio (RS)
2º Botuverá (SC)
3º Alto Feliz (RS)
4º São Vendelino (RS)
5º Vale Real (RS)
6º Santa Maria do Herval (RS)
7º Campestre da Serra (RS)
8º Tupandi (RS)
9º Córrego Fundo (MG)
10º Morro Reuter (RS)
Conheça Botuverá: