Ela nasceu como uma pequena vila de pescadores habitada por hippies e surfistas e rodeada de lendas como a de que um tesouro teria sido enterrado na localidade por um capitão de um navio perseguido por piratas. Até hoje, ninguém descobriu o tesouro em forma de moedas de ouro, mas encontraram uma beleza que não preço. A Guarda do Embaú é considerada uma das melhores praias do mundo para a prática do surfe. É nela que desemboca o Rio da Madre, único acesso para se chegar ao mar. A travessia é curta e dependendo da maré pode ser a nado, a pé ou de canoa. As trilhas levam a paisagens de tirar o fôlego e a vontade é de não sair mais de lá.

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Esse paraíso é o habitat de Charles Sell, 39 anos. Nascido em Palhoça, Xaxá, como é conhecido na cidade, foi morar na Guarda do Embaú aos 11 anos. Na infância, seu quintal para brincar sempre foi a praia, aprendeu a surfar, fez muitos amigos e desde cedo começou a trabalhar com turismo na pousada do primo. Aos 24 anos já havia reservado dinheiro suficiente para comprar um terreno onde abriu sua própria pousada.

Xaxá conhece cada pedacinho da Guarda e auxilia os turistas com passeios de barcos, voos de parapente, trilhas ecológicas e é o único com autorização para observação de baleias em Palhoça. O uniforme de trabalho de Charles pode se resumir a um par de chinelos, bermuda e camiseta e o escritório é a praia.

– O que mais tem aqui na praia são executivos que se cansaram do escritório e hoje trabalham como guias de turismo. Gastamos a maior parte de nossa vidas no trabalho, mais do que com a família, mais do que no lazer, e se não nos encontrarmos no trabalho, não estamos no caminho certo. Eu trabalho pela emoção e pelo prazer, não pelo dinheiro – conta.

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Nascido em Palhoça, Charles Sell foi morar na

Guarda do Embaú aos 11 anos

Foto: Daniel Conzi / Agência RBS

Extrema simplicidade que chama a atenção

Você caminha por um trilha, fotografa tudo o que vê pela frente, suspira com a paisagem e quando está caminhando pela areia, um barzinho escuro, em um galpão simples com muita gente sentada em volta chama a atenção na Guarda. O que haveria naquele lugar tão simplório para atrair tantas pessoas? Justamente isso: a simplicidade.

Dentro dele outra figura muito conhecida na praia. Evori Alves Filho, 59 anos. O bar do Evori é assim: um rancho de pescadores construído na década de 50 que ele escolheu não mudar em nada. Não há fornecimento de energia elétrica, nem água encanada e o piso é areia pura. Para ele, cada retalho de madeira do local tem seu valor. Considera o galpão como uma parte da história da praia podendo ser vista no presente.

Para manter o bar assim, há 20 anos ele leva bebidas e uma variedade de peixes e sanduíches de barco até a praia conservados em grandes caixas de isopor cheias de gelo. Nas paredes, fez questão de pendurar porta-retratos dos clientes que passaram por lá e muitos deles são de pessoas famosas. O horário de funcionamento do bar é guiado pelo sol. Ele abre às 9h, mas fecha quando escurecer.

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– As pessoas saem de metrópoles e querem encontrar lugares diferentes. Não gosto de mudar nada, para mim as coisas precisam ser preservadas. O cliente que veio aqui há 20 anos e voltar neste verão vai encontrar o mesmo bar do Evori de antes e é isso que está faltando ultimamente. As pessoas constroem e devastam o que é belo – afirma.

O bar do Evori é assim: um rancho de pescadores da

década de 50 que ele escolheu não mudar em nada

Foto: Charles Guerra / Agência RBS

::Onde: Palhoça, a 51km de Florianópolis

::Como chegar: o acesso é feito pela rodovia BR-101, na entrada em direção à praia da Pinheira.

::Boa para: com mar agitado é indicada para surfe, trilhas ecológicas e banhos de sol